"Nós, enquanto Movimento para a Alternância Democrática, queremos um recenseamento justo, inclusivo, transparente para que possamos ter uma eleição credível na Guiné-Bissau. Nós não queremos constituir elementos que possam pôr em causa a paz e estabilidade no país", afirmou Braima Camará, antigo deputado do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que criou recentemente o Madem-G15.

Braima Camará disse, em entrevista à agência Lusa, também estar na posse de um conjunto de elementos que comprovam que o "recenseamento denuncia claramente os objetivos e a estratégia de um certo partido político que está a organizar o processo eleitoral".

"O país é pequeno, conhecemo-nos uns aos outros. O primeiro-ministro, que é o chefe do Governo, é o diretor do gabinete estratégico do PAIGC, a ministra da Administração Territorial é do PAIGC, o diretor-geral do GTAPE é do PAIGC", salientou Braima Camará.

O processo eleitoral para as legislativas, marcadas para 18 de novembro na Guiné-Bissau, tem sido bastante criticado pelos partidos políticos e pela sociedade civil, principalmente por causa do recenseamento, que começou atrasado a 20 de setembro.

Recentemente, o Governo anunciou que o recenseamento eleitoral se deveria prolongar até 20 de novembro e terminar dois dias depois da data marcada para a realização das legislativas, que deverão ter de ser adiadas.

Salientando que o Madem G-15 é um partido de paz e com sentido de responsabilidade, Braima Camará disse que tem apelado para que o recenseamento eleitoral possa ser revisto, porque "nasceu mal e corre o risco de terminar muito mal e isso não é bom para o país".

Questionado sobre as propostas do partido para acabar com o clima de desconfiança em relação ao recenseamento eleitoral, Braima Camará disse que passam pela "respeitabilidade das leis".

"Não há nada para inventar. O recenseamento eleitoral na Guiné-Bissau nunca consistiu um problema para os guineenses. Até fomos considerados um país moderno no processo de recenseamento e organização de eleições".

Se hoje existe um clima de suspeição e desconfiança é porque, sublinhou Braima Camará, "alguém tem segundas intenções, intenções maléficas, porque a lei eleitoral é clara".

"Normalmente quando se fala de eleições não se fala de partidos com assento parlamentar, mas o primeiro-ministro, contra o primado da lei, entendeu que tinha de organizar eleições e este processo só com os partidos com assento parlamentar. Portanto, se ele conseguir evoluir e primar pelo cumprimento escrupuloso da lei eleitoral, naturalmente não temos nada a apontar", explicou.

Questionado sobre o adiamento das eleições legislativas e qual a data defendida pelo Madem para a sua realização, Braima Camará disse que não recebeu qualquer cronograma.

O primeiro-ministro disse na terça-feira que entregou três cronogramas com datas possíveis para realizar legislativas ao Presidente guineense, José Mário Vaz, nomeadamente a 16 e 30 de dezembro e a 27 de janeiro.

"A lei é para cumprir, a lei existe e o Madem está disponível para participar nas legislativas mesmo que sejam amanhã, desde que se cumpram as leis", insistiu Braima Camará.

O coordenador nacional afirmou também estar disponível para dialogar e chegar a consensos com outras forças partidárias para a estabilidade e desenvolvimento do país, mas sempre no cumprimento da Constituição da República guineense.

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