O chefe de Estado falava aos jornalistas no fim da sua visita aos Países Baixos, depois de uma receção que ofereceu aos reis Willem-Alexander e Máxima, e de ter feito um discurso de despedida em que disse que se ia embora com saudade.
Interrogado se vai saudades ter da vida de Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Nenhuma, nenhuma. Nenhuma, neste sentido, a minha vida foi sempre assim: tenho uma vida enquanto tenho essa vida, terminada essa fase começa uma outra fase completamente diferente".
O Presidente da República já pensou como será essa "outra fase", quando terminar o segundo mandato, em 09 de março de 2026: "Primeiro, não falar mais de política, é logo uma coisa importante, é uma opção que um ex-Presidente tem que fazer".
"Uns fazem de uma maneira, outros fazem de outra. Eu tenciono fazer da maneira que é: não intervir, não falar, não me pronunciar", prometeu, acrescentando que não fará qualquer tipo de comentário político: "Nem televisões, nem rádios, nem jornais, nada disso".
"Já tivemos chefes de Estado que fizeram isso. Portanto, é possível fazer", considerou.
"O que é que eu vou fazer? Vou dedicar-me, sim, às escolas, mas básico e secundário", adiantou o professor catedrático de Direito jubilado, frisando que não tenciona regressar à universidade.
"Aprendi, por exemplo, com o Plano Nacional de Leitura, que há imensa coisa a fazer em que eu posso ser útil, em que há atividades culturais que eu posso desenvolver, formativas, conhecendo a rede de escolas como conheço, e com o ritmo que a minha idade me permitirá quando deixar de ter este ritmo", prosseguiu.
Marcelo Rebelo de Sousa assegurou que também não irá falar de política nessas atividades com alunos, mas "de educação", do que "é para eles a escola", do "que vai mudar na escola, a escola e a sociedade".
Argumentando que "política é tudo", especificou: "Mas não falarei da política do ministro tal, do Governo tal, do Presidente tal, não".
"Há tanta coisa a falar. Se eu achar que esgotou, esgotou. Posso fazer uma outra conferência sobre temas culturais, sim, mas não política", acrescentou.
"E, claro, nada de intervenção política, a não ser ir convidado como ex-presidente ao 25 de Abril, ao 10 de Junho, ao 05 de Outubro", ressalvou.
Na sua previsão, fará atividades nas escolas por "três ou quatro anos, não mais do que isso", por entender que pode "dar um contributo" naquilo que em que é bom, "que é professor".
Questionado sobre candidaturas presidenciais, o Presidente da República reiterou que não comenta nenhuma, ainda menos a seu "potencial sucessor", porque seria "uma violação da neutralidade escandalosa", apenas assiste "em silêncio, completamente", a esse processo.
Nesta ocasião, o chefe de Estado foi também interrogado sobre a possibilidade admitida pelos partidos no Governo em Portugal, PSD e CDS-PP, de se restringir o acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) por parte de estrangeiros, que recusou comentar por enquanto.
"Eu não posso pronunciar-me, porque é uma iniciativa legislativa que penso que foi anunciada enquanto estávamos aqui. Portanto, deixe-me conhecer a iniciativa legislativa e depois comento", justificou.
IEL // RBF
Lusa/Fim
Comentários