
"O abandono de lugar a que se refere não é generalizado. Ele existe mais concretamente em duas ilhas, que é a ilha do Fogo e a ilha da Brava, e é um fenómeno que está ligado à emigração", explicou Edna Oliveira, questionada pelos deputados, no parlamento, sobre as limitações do efetivo policial no país.
"A maioria das pessoas nessas ilhas emigram para os Estados Unidos da América", acrescentou.
A governante foi indicada pelos deputados da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) para o instituto de perguntas ao Governo na primeira sessão parlamentar ordinária de maio, que arrancou na Praia.
"E tem também a ver, muitas vezes, com as condições que havia na polícia, que foram seguramente melhoradas por este Governo. Um polícia que ia de férias pensando que ao regressar continuaria a ganhar 40 e tal contos [40 mil escudos, 362 euros], se calhar fica reticente e não regressa", reconheceu.
Contudo, afirmou que a situação "reduziu-se bastante, exatamente porque foram melhoradas as condições salariais" pelo Governo que integra.
"Foram melhoradas as condições de trabalho em termos de equipamento e de viaturas, ao nível da polícia, e o número de efetivos também reduz por causa da aposentação", disse ainda.
"Como há processos de aposentação, e na polícia a aposentação ocorre passado o mínimo do tempo, que são os 32 anos, é normal que nesta altura, decorridos 32 anos, haja muitos agentes que entraram lá atrás e que já atingiram a idade da reforma. Obviamente que isto não põe em causa a experiência profissional porque a polícia tem uma escola de formação. E essa escola, uma das funções, é capacitar continuamente os agentes, tanto os que lá estão, em matéria de reciclagem, com os que entram", sublinhou Edna Oliveira.
A Polícia Nacional de Cabo Verde recebeu em 01 de março mais 132 agentes, a primeira incorporação desde 2019, mas o efetivo total, que ronda os 2.000 operacionais, ainda é insuficiente para as necessidades, disse nessa altura o ministro da Administração Interna.
"Nós temos muitas saídas ao longo do ano, principalmente por causa das aposentações. Depois temos abandonos e, em terceiro lugar, temos medidas disciplinares", explicou Paulo Rocha, em declarações à margem do encerramento do XI Curso de Formação Inicial de Agentes, realizado na Praia.
Daí que segundo o ministro da Administração Interna, a Polícia Nacional enfrenta "um défice" no número de agentes, nomeadamente nas ilhas de Santo Antão, Fogo (Mosteiros) e Santiago (Praia e Tarrafal), que ainda não será resolvido com estes novos agentes.
"Esta é mais uma etapa do processo de formação dos agentes que ingressam na Polícia Nacional. Este é o XI curso da Polícia Nacional, relembro que desde 2019 não tínhamos conseguido realizar nenhuma outra incorporação, e que vem reforçar os efetivos a nível nacional. Temos algumas ilhas com maior carência e este contingente vem reforçar precisamente lá onde nós precisamos, com caráter de maior prioridade", afirmou o governante.
Os 132 novos agentes da Polícia Nacional de Cabo Verde realizaram a formação ao longo de sete meses, num concurso que contou com mais de 2.000 candidatos na primeira fase, antes da seleção final.
PVJ // LFS
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