Manuel da Mota falava hoje em Luanda, após a abertura da cerimónia de negociações do concurso para a Concessão de Serviços Ferroviários e da Logística de Suporte do Corredor do Lobito, que irão decorrer nos próximos três dias, antes da assinatura do contrato na sexta-feira.

O consórcio Trafigura Group Pte Ltd, Vecturis, SA e Mota-Engil, Engenharia e Construção África, SA, foi o vencedor da concessão do Corredor do Lobito, e vai assegurar a gestão nos próximos 30 anos.

O representante da Mota-Engil disse que o projeto permitirá maior desenvolvimento económico regional e  sublinhou que a transferência de conhecimentos é fundamental para a companhia.

"Já em Angola temos essa política, o objetivo é que a maioria, cerca de 98% dos quadros, sejam locais e que passem por um processo de formação para que possamos ter uma gestão local no mais curto espaço de tempo possível", disse Manuel Mota, salientando que a empresa está interessada a participar de outros projetos, caso o Governo angolano manifeste intenção em fazer outras concessões.

O ministro angolano dos Transportes, Ricardo de Abreu, salientou hoje, na cerimónia de abertura que "há muito trabalho técnico a ser feito entre as equipas dos dois lados", e realçou a importância de garantir que haja a devida transferência de conhecimento.

"Para estarmos mais preparados para desafios futuros e falarmos cada vez mais a mesma linguagem", acrescentou.

Ricardo de Abreu sublinhou que os vencedores do concurso de concessão do Corredor do Lobito, "garantem toda a credibilidade e capacidade" para Angola conseguir reposicionar a infraestrutura, vital para facilitar a economia nacional.

"São empresas que nos garantem toda a credibilidade e capacidade também para conseguirmos garantir o reposicionamento do Corredor do Lobito, como uma infraestrutura vital para a facilitação da nossa economia, assim também para a facilitação das economias dos nossos países vizinhos e da região Austral da SADC [Comunidade de Desenvolvimento de Países da África Austral, sigla em inglês].

O governante angolano realçou que o projeto se iniciou há dois anos e a primeira etapa está quase a ser finalizada, com a assinatura do contrato de concessão do Corredor do Lobito.

Segundo o ministro, o projeto integra na prática duas infraestruturas diferentes, nomeadamente o terminal de minerais  a nível do Porto do Lobito e as infraestruturas e serviços do transporte de mercadorias do Caminho-de-Ferro de Benguela.

O titular da pasta dos Transportes considerou "árduo" o processo, do ponto de vista técnico, operacional e de segurança.

"Gostaríamos de agradecer a presença dos nossos parceiros com quem vamos passar a conviver nos próximos 30 anos, pelo menos, teremos que aprender a gostar uns dos outros, a conviver com saúde e alegria e, obviamente, com o sucesso que esperamos que seja este nosso projeto", destacou.

O Corredor do Lobito compreende a infraestrutura e operação ferroviária e portuária, numa extensão de mais de 1.200 quilómetros, que liga as províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico.

A nível portuário, a infraestrutura tem capacidade para a movimentação de aproximadamente 10% da carga de importação/exportação marítima do país, com uma área total de 200 mil metros quadrados e capacidade operacional para a manipulação de 3,6 milhões de toneladas por ano.

O Estado angolano realizou investimentos na ordem dos 3,2 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros) para a reabilitação do Corredor do Lobito.

O contrato prevê que o concessionário invista acima de 256 milhões de dólares (239 milhões de euros) em infraestruturas, 73,3 milhões de dólares (68,4 milhões de euros) em equipamentos e material circulante e um valor adicional de 4,3 milhões de dólares (quatro milhões de euros) em atividades diversas.

"Com as rendas negociadas, o Estado angolano prevê arrecadar, em cada período de dez anos, receitas de 319,4 milhões de dólares (298,2 milhões de euros), nos primeiros dez anos 787,4 milhões de dólares (735,1 milhões de euros), entre o décimo primeiro e o vigésimo, e 919 milhões de dólares (858 milhões de euros), nos últimos dez anos", segundo dados do Ministério dos Transportes.

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