"Desafio quem quer seja para uma operação 'stop' para vermos a carta de condução dos estrangeiros na Guiné-Bissau, vamos tirar a prova dos nove de que muita gente recebeu carta sem respeitar o procedimento legal", declarou Conte.

O secretário-geral da federação, que congrega 21 associações de motoristas e transportadores terrestres na Guiné-Bissau, apontou o exemplo de taxistas "que nem conhecem a Direção-Geral da Viação quanta mais as ruas de Bissau".

Mamadu Conte disse ser estranho que aquelas pessoas tenham carta de condução da Guiné-Bissau "se nunca entraram onde a carta é tratada".

O responsável guineense citou ainda "outra fraude" que, disse, ocorreu em Portugal, conforme uma denúncia que afirmou ter sido feita pela Polícia Judiciária em 2019, numa escola de condução que procedeu à troca de carta de condução da Guiné-Bissau para a portuguesa.

"A carta de condução sai daqui de Bissau para aquela escola. É como se a pessoa estivesse na Guiné-Bissau, onde fez a carta, e depois vai àquela escola e procede à troca da sua carta para um documento português", sublinhou Mamadu Conte.

A PJ portuguesa deteve em dezembro um homem em Ponte de Sor, distrito de Portalegre, por falsificação de documentos, incluindo cartas de condução para outras pessoas, que eram emitidas na Guiné-Bissau e obtidas de modo fraudulento.

Ao falar da denúncia em Bissau e das investigações levantadas pela PJ portuguesa, a federação foi chamada a depor numa queixa-crime que lhe foi movida pela Direção-Geral da Viação e Transportes Terrestres (DGVTT).

Mamadu Conte relatou ter sido chamado uma única vez ao Ministério Público, onde disse ter confirmado a denúncia.

"Estamos interessados em ver esclarecida essa questão, mas até hoje o processo não avançou. Nunca mais fomos chamados ao Ministério Público", declarou o secretário-geral da Federação dos Motoristas da Guiné-Bissau.

Mamadu Conte afirmou ainda que a federação "tem provas documentais" de cartas de condução a sair do país para pessoas residentes na Europa, América e Ásia, sem nunca terem feito qualquer exame de aptidão, conforme manda a lei guineense, notou.

Além de cartas de condução alegadamente obtidas de forma fraudulenta, Mamadu Conte disse que a federação também está preocupada com o número de guias provisórias que são passadas pela DGVTT aos motoristas, nestes tempos de pandemia de covid-19.

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