O candidato presidencial Venâncio Mondlane apoiado pelo partido Podemos reclamou vitória nas eleições e tem liderado a maior contestação aos resultados eleitorais de sempre em Moçambique a partir do estrangeiro, alegando questões de segurança, anunciou o seu regresso ao país na quinta-feira.
"Vimos, em nome dos laços históricos que ligam os nosso dois países, solicitar que Vossa Excelência se empenhe institucional e pessoalmente na proteção de Venâncio Mondlane, pois percebemos que estando ele à cabeça do amplo movimento que reivindica a verdade eleitoral, uma atitude contra a sua integridade física ou a sua privação de liberdade pode conduzir o país ao caos", diz a missiva subscrita pelos líderes da oposição angolana.
A carta é assinada pelos dirigentes da UNITA, Adalberto Costa Júnior, Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, PRA-JÁ servir Angola, Abel Chivukuvuku e Francisco Viana, da sociedade civil, que lembram as mortes de "motivação política" de personalidades ligadas a Mondlane e ao seu partido em circunstância não esclarecidas.
Manifestando solidariedade para com o povo moçambicano, a oposição angolana sublinha que o caos "não interessa a ninguém", nem aos setores de grande poder "que tardam em compreender que é preciso mudar as formas de governação" e que o sistema eleitoral de muitos países africanos continua a padecer "do vício original do partido-Estado, da opacidade e falta de escrutínio de todos os atores".
A Frente Patriótica Unida diz a Nyusi que "a ressaca das guerras civis" em Moçambique e em Angola, associada a desigualdade e pobreza ameaçam o alcance da democracia e colocam riscos de retorno à guerra, apelando a um "diálogo inclusivo" com todas as forças nacionais
"Apreciaremos muito se o governo moçambicano convier que Venâncio Mondlane é peça decisiva na procura de uma solução para a crise instalada e for capaz de deixar entregue aos seus apoiantes e, em liberdade e segurança possa contribuir para o esclarecimento da verdade e discutir com o demais parceiros as vias para a paz, tranquilidade e progresso de Moçambique", destacam.
Os líderes da oposição angolana instam o governo angolano a prosseguir uma política de estímulo à paz e estabilidade em Moçambique.
Venâncio Mondlane, que está fora de Moçambique desde 21 de outubro, quando foram desencadeadas as manifestações pós-eleições de 09 de outubro, anunciou que regressa através do aeroporto internacional de Maputo.
O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique fixou o dia 15 de janeiro para a tomada de posse do novo Presidente da República, que sucede a Filipe Nyusi.
Em 23 de dezembro, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da FRELIMO, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.
O Tribunal Supremo afirmou que não há qualquer mandado de captura emitido para Venâncio Mondlane, mas o Ministério Público abriu processos contra o candidato presidencial, enquanto autor moral das manifestações, só em Maputo cidade e Maputo província, de mais de dois milhões de euros, alegando prejuízos no setor público.
RCR // CC
Lusa/fim
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