"Continuamos a ter áreas sem especialistas e outras áreas com apenas um, o que é manifestamente insuficiente e compromete a qualidade do serviço prestado, contribuindo para a exaustão dos médicos", lê-se em comunicado.
Este défice "tem levado a uma sobrecarga laboral significativa para os médicos em exercício, resultando em longas jornadas de trabalho, condições de stress extremo e, em muitos casos, exaustão física e mental, situação que tem preocupado a OMC" e que tem sido alvo "de reflexão em inúmeras ocasiões por parte da classe e da instituição".
A OMC tem 772 médicos registados, mas apenas 56% estão no ativo, tanto no sistema público, como no privado.
"Apenas 432 médicos estão no ativo", refere o comunicado da OMC, indicando que os restantes são aposentados (68), médicos residentes no exterior ou que exercem medicina no país de forma temporária.
Dos 432, "a maioria (cerca de 65%) são médicos sem especialidade, o que agrava a situação já preocupante do rácio de médicos especialistas por habitante".
O comunicado da OMC foi suscitado pela divulgação na Internet, na última semana, de alegadas estatísticas de outras fontes que apontavam para um "excedente de médicos".
"Gostaríamos de vos informar que só pode ter ocorrido um lapso", refere a OMC.
A nova estratégia entre Cabo Verde e a Organização Mundial de Saúde (OMS) para o período 2024-2028 identificou como um dos "desafios a médio prazo", o facto de haver "poucos especialistas ou acesso limitado a cuidados especializados em todas as partes do arquipélago".
Numa tabela dedicada aos recursos humanos, com dados do Ministério da Saúde, aquele documento estratégico indica que em 2022 havia 160 médicos especialistas em Cabo Verde (3,3 por cada 10 mil habitantes), depois de um pico de 259 em 2019.
A "retenção dos profissionais de saúde devido às poucas oportunidades de desenvolvimento profissional e aos incentivos financeiros e profissionais para os profissionais de saúde trabalharem fora de Cabo Verde" é outro desafio apontado no documento.
Os profissionais de saúde fornecidos pela brigada médica da cooperação cubana "são os únicos especialistas nalgumas áreas clínicas", acrescenta.
A telemedicina é uma das medidas apontadas para ajudar a resolver o problema.
Em janeiro, o Ministério da Saúde anunciou um programa de deslocação, a partir de hospitais centrais até às ilhas, e que arrancou com a visita de cinco especialistas do Hospital Agostinho Neto à ilha do Fogo, nas áreas de urologia, otorrinolaringologia, oncologia, cardiologia e oftalmologia.
LFO // JMC
Lusa/Fim
Comentários