"Na verdade, no decurso das manifestações violentas, foram registados excessos quer pela parte dos manifestantes, quer da reação de alguns agentes das FDS. Por exemplo, no âmbito das manifestações foram mortos 22 agentes das FDS e 178 ficaram feridos", disse o Procurador-Geral da República, Américo Letela.

Ao responder a perguntas dos deputados após o informe anual do Ministério Público (MP) de 2024, o Procurador-Geral pediu fim às mortes das "autoridades do Estado", sobretudo durante protestos.

"De facto, ocorreram situações de excessos na atuação de alguns membros das FDS e importa por isso a necessidade de aprimorar a capacidade de intervenção de modo a lidar [com manifestações] com maior acuidade. (...) "Nós trouxemos a verdade (...) e onde a coisa não está bem dissemos, assumimos", acrescentou Américo Letela.

Moçambique viveu a pior contestação que o país conheceu desde as primeiras eleições multipartidárias (1994), liderada pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.

Quase 400 pessoas perderam a vida em resultado de confrontos entre a polícia e os manifestantes, segundo dados de organizações da sociedade civil, degenerando, igualmente, em saques e destruição de empresas e infraestruturas públicas.

O Governo moçambicano confirmou anteriormente, pelo menos, 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

Contudo, em 23 de março, Mondlane e Daniel Chapo, Presidente já empossado, encontraram-se pela primeira vez e foi assumido o compromisso de acabar com a violência pós-eleitoral no país, embora, atualmente, críticas e acusações mútuas continuem nas declarações públicas dos dois políticos.

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