
"A situação internacional tornou-se cada vez mais difícil e não é exagero dizer que estamos num ponto de viragem na história", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Takeshi Iwaya, perante os homólogos chinês e sul-coreano, Wang Yi e Cho Tae-yul, respetivamente.
Esta reunião trilateral, a 11.ª neste formato, ocorre numa altura em que a Ásia oriental tem sido particularmente atingida pela imposição das taxas aduaneiras lançadas pelos Estados Unidos.
Neste contexto, "é mais necessário do que nunca redobrar os nossos esforços para superar as divisões e os confrontos através do diálogo e da cooperação", acrescentou Iwaya antes da reunião.
Ao lembrar que este ano se assinala o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, Wang Yi afirmou que "é refletindo sinceramente sobre a história" que se pode "construir melhor o futuro".
O responsável chinês acrescentou que o reforço da cooperação vai permitir "resistir aos riscos, em conjunto" e promover a "compreensão mútua" entre os povos.
"A cooperação entre os três países pode enviar ao mundo uma mensagem de esperança para o futuro", declarou, por sua vez, Cho Tae-yul, acrescentando esperar "discussões abertas e francas (...) sobre a questão nuclear norte-coreana".
Os chefes de Estado dos três países reuniram-se em Seul em maio de 2024 para a primeira cimeira tripartida em cinco anos, onde acordaram aprofundar os laços comerciais e reafirmaram o objetivo de desnuclearizar a península coreana - em referência às armas nucleares desenvolvidas pela Coreia do Norte.
Seul e Tóquio adotam geralmente uma posição mais firme em relação a Pyongyang do que Pequim, que continua a ser um dos principais aliados e apoiantes económicos da Coreia do Norte.
Os ministros deverão discutir hoje questões como a cooperação económica, o diálogo entre os povos e medidas para contrariar a queda da taxa de natalidade - um problema crítico para os três países -, de acordo com a televisão pública japonesa NHK.
A NHK informou ainda que os ministros vão tentar chegar a acordo sobre a organização de uma potencial nova cimeira trilateral até ao final do ano.
Esta nova reunião "deve dar prioridade às questões económicas" face às taxas impostas pela Administração Trump, alertou Lim Eul-chul, professor do Instituto de Estudos do Extremo Oriente de Seul.
Os EUA impuseram tarifas adicionais de 20% sobre as importações de produtos chineses e tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio - decisão que atingiu duramente o Japão e a Coreia do Sul -, antes de uma série de tarifas recíprocas dirigidas a todos os países, prevista para o início de abril.
Os dirigentes das três nações asiáticas "são cada vez mais forçados a diversificar as opções" face a esta pressão dos EUA analisou a investigadora da Brookings Institution, em Washington, Patrica Kim.
"Não é surpreendente que as três maiores economias da Ásia oriental se estejam a virar umas para as outras em busca de novas oportunidades económicas", disse Kim à agência France-Presse.
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