"Foram esgotadas as medidas de dispersão e persuasão para não realização destes atos. A Polícia foi obrigada a efetuar disparos, onde foram atingidas três pessoas. Levados ao hospital local, vieram a ser declarados óbitos", disse Dércio Chacate, porta-voz da Polícia da República de Moçambique na província de Sofala, centro de Moçambique, em conferência de imprensa.

Na segunda-feira, pelo menos três pessoas morreram e uma ficou ferida em resultado das manifestações ocorridas no distrito de Maringue, a norte da província de Sofala.

As vítimas são apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane e do partido extraparlamentar Podemos, atingidas em confrontos com a polícia, disse à Lusa, na segunda-feira, Maria Almija, administradora de Maringue.

Segundo o porta-voz da polícia, apoiantes daquele partido montaram barricadas e queimaram pneus na principal via que dá acesso à vila principal deste distrito, tendo, de seguida, vandalizado as sedes do partido Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLIN), além de tentar invadir o comando distrital da polícia.

"Até ao momento, está garantida a livre circulação de pessoas e bens, pelo que a reposição da ordem pública é um facto tangível no distrito de Maríngue", declarou o porta-voz da polícia na Beira, que classificou as manifestações como "atos de vandalismo".

Desde 21 de outubro, Moçambique vive sucessivas paralisações e manifestações, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que contesta os resultados das eleições gerais de 09 de outubro.

Pelo menos 103 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de outubro, segundo atualização feita hoje pela Organização Não-Governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide.

De acordo com o relatório divulgado por aquela plataforma de monitorização eleitoral moçambicana, só de 03 a 07 de dezembro, na atual fase de manifestações, há registo de 27 vítimas mortais, nomeadamente 10 em Gaza e oito em Nampula, além de três mortos em Cabo Delgado.

Anteriormente, aquela ONG já tinha também contabilizado pelo menos 274 pessoas baleadas durante as manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais desde 21 de outubro e 3.450 detidos.

O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

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