
O ator português Fernando Mariano, no papel de um familiar que se bate pela reposição da justiça, e os atores brasileiros Edison Alcaide, que interpreta Jean de Menezes, e Anna Moreno, como Maria de Menezes, sua mãe, fazem parte do elenco liderado por atores como Emily Mortimer, Conleth Hill e Daniel Mays.
Jean Charles de Menezes foi morto numa estação de metro da capital britânica há 20 anos, em 22 de julho de 2005, duas semanas depois dos atentados suicidas contra os transportes de Londres terem provocado a morte de 52 pessoas e um dia depois de a polícia encontrar bombas por explodir em três carruagens de metro e num autocarro.
Menezes, um eletricista de 27 anos, foi atingido com sete tiros na cabeça por agentes da polícia que alegaram tê-lo confundido com o presumível terrorista Hussain Osman, que tinha tentado colocar explosivos no metro no dia anterior e que vivia no mesmo prédio do imigrante brasileiro.
A família de Jean de Menezes encetou uma longa batalha legal para que os agentes responsáveis pelo assassinato fossem julgados, num processo que teve como derradeira etapa o recurso rejeitado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, em março de 2016, por ter "concluído que não havia provas suficientes contra nenhum agente individual", segundo a deliberação.
A morte de Menezes suscitou forte polémica no Reino Unido e um intenso debate sobre a atuação e a supervisão da polícia. A justiça britânica decidiu contudo não julgar nenhum dos agentes, considerando que seria muito difícil provar que não temeram pelas suas vidas quando dispararam contra o cidadão brasileiro.
Embora nenhum dos agentes tenha sido processado, a Polícia Metropolitana de Londres foi condenada ao pagamento de uma indemnização de 175 mil libras (cerca de 205 mil euros, no câmbio atual). Uma ação cível posterior levou ao pagamento de outra indemnização, cujo valor não foi divulgado.
A produção televisiva "Suspeito: O assassinato de Jean Charles de Menezes" lembra os acontecimentos que levaram à morte do cidadão brasileiro e o processo que se seguiu.
A série é contada a partir de várias perspetivas e analisa o que aconteceu com Menezes antes, durante e depois de ter sido cercado pela polícia, na estação de metro de Stockwell.
Escrita por Jeff Pope, nomeado para os Óscares pelo argumento de "Philomena", e realizada por Paul Andrew Williams, vencedor de um prémio Bafta por "Murdered for Being Different", a série contou com a colaboração da família da vítima, segundo a produção.
Em entrevista à BBC News, em vésperas da estreia, Maria de Menezes disse esperar que a série "mostre a verdade ao mundo" sobre o seu filho.
O seu irmão Giovani da Silva, por seu lado, disse acreditar que "a história vai ficar clara para todos": "Ele nasceu no interior [do Brasil] e mudou-se para outro país em busca de uma vida melhor".
A Polícia Metropolitana de Londres, também citada pela BBC News, assegurou que o caso continua a ser motivo de "profundo pesar". "Os nossos pensamentos permanecem com a família, e reiteramos o nosso pedido de desculpas."
"Nenhum polícia sai para o trabalho com intenção de acabar com uma vida", prossegue a declaração da polícia britânica. "O nosso único objetivo é exatamente o oposto --- a proteção e a preservação da vida".
MAG (MDR) // JAP
Lusa/Fim
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