Votado pelo povo e, diz ele, designado por deus, Trump passou pela investidura e está de volta à Sala Oval, com a pretensão de fazer o MAGA [Make America Great Again] mais mega. Promete uma época dourada, com imediato tratamento de choque, a expulsar emigrantes e a declarar emergência nacional na fronteira sul, um furacão a travar o comércio com taxas alfandegárias de 25% para o Canadá e o México, e a prometer ao lado de Musk içar em Marte a bandeira dos EUA.

Obviamente, não recusou agir com “malícia em direção aos outros”, como ficou dito no generoso discurso de Abraham Lincoln em 1865. Também não replicou o democrata Jimmy Carter, que em 1977 agradeceu ao antecessor republicano Gerald Ford “tudo o que fez pelo bem da nossa terra”. Não escolheu a via de Frank Delano Roosevelt, que dedicou o discurso presidencial inaugural de 1933 a unir os cidadãos dos Estados Unidos assolados pela devastação da Grande Depressão. Trump confirmou naquele palco, com convidados que representam milhões de dólares por cada metro quadrado, que não é dado à grandiosidade cívica, solidária, generosa.

Donal Trump, logo nas primeiras horas como presidente, quis mostrar que continua o que sempre foi. Quis sacudir a América, galvanizar os que o endeusam, assustar os adversários.

Pôs-se logo a despachar dezenas de ordens executivas. O poder reinstalado em Washington enfrenta, no entanto, um problema. É facto que Trump tem na mão todas as principais instituições do país, mas o sistema americano foi fundado com vários patamares de controlo democrático. Um juiz solitário em qualquer comarca pode travar algumas das decisões que Donald Trump se apressou a proclamar. A expulsão de migrantes vai encravar em milhares de batalhas legais em torno da legalidade e do respeito pela Constituição da nação que foi levantada por migrantes.

Daqui a 22 meses há eleições para renovação parcial do Congresso onde os republicanos têm agora todas as maiorias. Então, vai ser testada a adesão às políticas divisivas de Trump, agora validadas para o lado dele.