Nancy Pelosi, líder da maioria democrata no Congresso dos EUA, saiu do encontro com Zelensky em Kiev a garantir que a América vai apoiar a Ucrânia “até que a vitória esteja ganha”. Estamos mais perto da guerra total? Uma guerra mundial?

Quando o lado ocidental fala de vitória está a querer dizer retirada de Putin da Ucrânia. Agora, até pode haver uma tentação maior: a de forçar a queda do regime de Putin, tendo em conta que o ataque à Ucrânia alterou os equilíbrios globais anteriores. A permanência do agressor Putin no poder passa a ser vista como uma ameaça permanente, para lá da questão da Ucrânia.

É assim que está instalado o muito temível impasse.

Putin não pode recuar porque está prisioneiro do que tem dito e o assalto à Ucrânia passou a ser, para ele, muito mais do que uma questão de território. O Kremlin avançou para impor uma nova ordem mundial com a Rússia ressurgida e determinante. Para Putin, o Ocidente liderado pela América é um inimigo perpétuo.

Esta posição fica reforçada no momento em que ideólogos de Moscovo assumem publicamente o lamento pela dissolução da URSS como “grande tragédia política”. Putin e os generais acólitos agem com a ambição de superar a derrota na Guerra Fria e reconquistar o poderio da Grande Rússia na hierarquia da nova ordem mundial que quer impor.

A Rússia de Putin precisa da vitória na Guerra da Ucrânia (a ambição limita-se à Ucrânia?) para mostrar (também à China) que passada a humilhação do declínio simbolizado pelo estilhaçar da URSS, é outra vez uma potência,. 

É assim que a guerra está a avançar numa lógica em que nenhum lado tem bases para algum compromisso, em que cada parte põe à prova a força da outra, tudo numa engrenagem de impiedosa destruição, empobrecimento e morte.

Constatamos a escalada verbal e material, de ameaças e de armamento, de sanções e retaliações. Nenhum gesto de abertura a apaziguamento.

Instala-se a perceção de que a inflexibilidade de todas as partes está a levar o conflito para uma escalada incontrolada que precipite o mundo no abismo.

O tempo que passa sem que Putin consiga a conquista da Ucrânia que julgava tarefa fácil, faz subir a ameaça de o chefe russo, incapaz de aceitar que não ganha, recorrer a temíveis opções extremas.

A palavra “paz” está por agora tragicamente banida do horizonte próximo desta guerra.

Considerando o grau a que o confronto chegou, o clima de hostilidade está para durar.

A face geopolítica do globo já mudou de forma definitiva. A esperança é a de que o epílogo não seja uma calamidade ainda maior. A catástrofe nuclear está a subir como ameaça real.

A Europa e o mundo ocidental não podem render-se a Putin. Mas esta escalada está demasiado ameaçadora.

É preciso aprender com os erros de anteriores guerras, designadamente as duas planetárias. Mas é preciso ter em conta o bem dos povos.

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