Uma coisa surpreendente no Bloco são algumas das suas atitudes. Como afirmar que Jesus Cristo tinha dois pais, quando toda a gente estava convencida que Jesus Cristo tinha uma mãe e um pai. Quer dizer, até podia ter um pai e um amigo do pai; isso é discutível e, quiçá, blasfemo discutir, mas uma mãe teve com certeza, virgem ainda por cima. Adiante, outra vez.

Outra coisa surpreendente no Bloco são as propostas que faz e, ainda mais, a fundamentação dessas propostas.

Por exemplo, a que acaba de ocorrer: um projecto de resolução para mudar o nome do Cartão de Cidadão para Cartão de Cidadania, porque "não respeita a identidade de género de mais de metade da população portuguesa". (…) "a designação não deve ficar restrita à formulação masculina, que não é neutra, e deve, pelo contrário, beneficiar de uma formulação que responda também ao seu papel de identificação afectiva e simbólica, no mais profundo respeito pela igualdade de direitos entre homens e mulheres".

Percebemos agora, através desta proposta fracturante, como eram segregacionistas os pergaminhos da República. Mas, é claro, estamos sempre a tempo de aperfeiçoar a Constituição e todos os diplomas oficiais. Temos é que ir mais longe. Por exemplo: Cartão também é uma palavra masculina. Seria talvez melhor chamar-lhe cartolina. Cartolina da Cidadania soa bem, mas aí temos dois femininos, o que seria discriminação inversa. Poderá então ser Cartão de Cidadania ou Cartolina do Cidadão. Um referendo – ou uma referenda - resolvem a questão a contento de todos.

Mas os homens – que os há, e muitos, no Bloco e em toda a parte – também vão começar a protestar contra a indecência das palavras importantes que são femininas como, por exemplo, humanidade, consciência, ética, estética, saúde, revolução, luta e esquerda. Certamente que se encontrará masculino para todas estas palavras.

Este terrível problema, da parcialidade do género, já aliás foi levantado por uma precursora, por sinal da mesma área politica do Bloco, a Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. Em vão lhe tentaram explicar que presidente é aquele que preside e portanto, não sendo derivado de um substantivo, mas sim de um verbo, não tem género. Ela quis, quis, e ficou Presidenta. Se calhar é por isso que agora querem derrubá-la, vá-se lá saber. Talvez o Bloco devesse levar o precedente em consideração.

No meio deste importante debate, resta-nos o consolo de haver palavras que não levantam problemas, pois não se consegue detectar o género. Parvoíce, por exemplo.

A fechar a semana, três sugestões de leitura sobre homens, ídolos e máquinas:

Kobe Bryant: amaram-no e odiaram-no, mas todos o admiraram.

"Dia do Sol". Quando a fechada Coreia do Norte se mostra ao mundo.

Robôs do Facebook ameaçam aplicações da Apple e da Google.