Granadas, gás lacrimogéneo, explosivos. Como é que esta lista de compras do Chuck Norris é surripiada do exército como quem rouba um lanche misto no Minipreço? Quer dizer, não é que não houvesse prevenção. A segurança do armazém militar era baseada no complexo, atual e redundante sistema de segurança máxima designado por rondas. Rondas? Rondas! Mas isto são instalações com material de guerra ou a sala de estudo dos Salesianos? Rondas não chegam para guardar a arrecadação do Rambo, nem que fossem feitas pela Ronda Rousey. Qual é o mal de vivermos num país em que os protocolos de segurança sejam inspirados no mindset “vendo bem não sei se tranquei o carro” ou mesmo no “Mãe, não tem problema, eu deixo as chaves debaixo do tapete”?

É difícil perceber as intenções de quem rouba material de guerra. Sinceramente, tenho algumas dúvidas de que seja um homem de meia-idade que já começa a achar o paintball aborrecido. Não há certezas de nada, mas Portugal tem aqui uma oportunidade de ser pioneiro. Fornecer armas a terroristas de propósito já está fora de moda, agora o que está a dar é fazê-lo por distração. Para além disso, também podíamos apostar na exportação de tecnologia de ponta para situações de crise, tecnologia essa que seria inovadora por funcionar sempre excetuando em situações de crise. Registe-se já o nome da empresa: “Encontra-se Inoperacional”. Não digo que seja uma start-up que vai conquistar o planeta, mas conquistará pelo menos o terceiro Mundo.

Episódios destes não deixam de sublinhar o facto de que em Portugal, sem ser o exército, pouca gente leva a sério o exército. Para os jovens, o Dia da Defesa Nacional é uma visita de estudo com putos ensonados a tentar não rir daquela pseudo-seriedade.

De um modo geral, a maioria do país terá a ideia de que o armamento das nossas forças militares são uma fisga, um martelo do São João e um cartaz a dizer “não nos batam por favor”. A verdade é que não é, mas para percebermos isso não era preciso deixar uns quantos explosivos irem dar um passeio.

Agora, cada vez que acontece um acidente têm de surgir, sempre após o sucedido, os “então, mas eu ia” do costume. “Ah, mas nós até estávamos a pensar reconstruir a vedação para a semana que vem”; “Ah, mas até íamos investir no sistema”. Portugal é menos prevenido do que um casal adolescente. Mas se em alguns países a culpa morre solteira, em Portugal a culpa não chega sequer a levar a cabo relações sexuais.

Recomendações:

Ver o relevante duelo de bruxos que teve lugar na CMTV, de elevado interesse cultural para quem vive no século XII.

Desmarquem as vossas férias em Albufeira.

Se tiverem bilhete para o NOS Alive, passem pelo Palco Comédia no dia 7 pelas 18h50, vou lá estar a debitar umas larachas.