Quando ouvia, há muitos anos, mães com mais experiência a dizer que o melhor era não ceder, manter uma linha de funcionamento, uma certa rigidez, optava por ignorar olimpicamente. Uma vez, disseram-me que a minha educação deixava muito a desejar, por ser muito permissiva. Pode ser que sim.
As mães querem agradar, claro. E todas as mães fazem asneiras. E não há receitas. O que existe – e parece-me transversal – é este sentimento de pressão contínua que a maternidade implica, e à qual as mães se sujeitam e são sujeitadas.
O juízo e o julgamento dos outros merecem reflexão, sempre; contudo, o que me perturbou hoje foi a profunda tristeza e desorientação de uma mãe que se impõe uma bitola quase próxima da perfeição: ela deveria conseguir entender o filho adolescente; ela deveria ter respostas; ela está pronta a fazer o que for preciso, para que o filho consiga ir para a escola contente, sem sentimentos de frustração; para que não se queira isolar. Ela conversa exaustivamente. Ela tenta. E o filho permanece num turbilhão de emoções.
O sentimento de impotência prevalece e, automaticamente, essa coisa que devemos a um legado judaico-cristão vem à superfície: a culpa. E eu pergunto-me: existirão mães sem esse aperto? Esse estado de culpa? E quem avalia a legitimidade desse sentimento que se auto cria? Não sei responder. Sei que falar com um adolescente é como dar banho a um peixe. Mas vivemos num tempo em que precisamos de compreender tudo. Em que todos têm uma resposta ou teoria. Em que deixámos de confiar no nosso instinto.Que tipo de mães somos? O que esperam os filhos? Parece-me que não há uma resposta óbvia.
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