O fim da sua vida, próprio da condição humana que por vezes nos fazia esquecer, deixa um enorme vazio na consciência de todos os Portistas. Pinto da Costa era o Porto e o Porto era Pinto da Costa. Ser Dragão, entender o sentido de expressões como  “O Porto é uma Nação” ou “Até os Comemos” são alicerces do reconhecido ADN portista, um reflexo literal da sua alma e que mudou para sempre o destino do clube.

Longe vão os tempos em que passar a ponte era sinónimo de derrota. Tal como Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador, superando o medo e demonstrando assim que o mundo não terminava ali; o Presidente Pinto da Costa atravessou a ponte, lutou contra o centralismo e tornou o Porto campeão. A vitória não foi apenas daqueles onze jogadores ou do clube. Foi também da cidade e das suas gentes.

De toda uma região que se aplaudia ao cantar “quem bate palmas é tripeiro”. Para lá da ponte foram conquistados no futebol sénior 23 campeonatos, 22 supertaças e 16 taças de Portugal. A história tem contornos poéticos, não fosse a poesia uma das grande paixões do Presidente, e deixa saudades; bem ao estilo dos fados que tanto gostava de ouvir.

O Futebol Clube do Porto tornou-se na década de 90 e é até aos dias de hoje a única equipa penta campeã em Portugal. São décadas de uma história sem final; apenas feliz. Uma e outra vez voltei aos Aliados ( e mais tarde ao Dragão) para festejar mais uma conquista. Noites de euforia, onde a pronúncia do norte brindava o povo mais forte. São vários os treinadores e muitos os jogadores que merecem o meu agradecimento, mas em todas aquelas noites, em todos aqueles títulos, os cânticos ganhavam força quando se dirigiam ao Presidente. "Pinto da Costa allez”!

Internacionalmente foram sete os títulos do clube que depois de se tornar de todo um país, conquistou a Europa e o mundo. Os 87 anos de vida do Presidente Pinto da Costa transportam-me para 1987, precisamente o ano em que nasci e no qual o clube venceu a taça dos campeões europeus e a taça intercontinental. A referência é boa mas para que a minha memória exista o Porto repetiu o feito em 2004, juntado-lhe ainda a taça Uefa ( Liga Europa) em 2003 e 2011, tendo ganho assim tudo. Tudo.

O Presidente Pinto da Costa ganhou tudo. E não foram só títulos. Ganhou-nos a todos. Portistas e não portistas. Mesmo os adversários que hoje se escondem no silêncio, viverão para sempre na certeza de que o feito é irrepetível e no desejo de um dia terem “um Pinto da Costa”.

As palavras nunca serão suficientes para definir quem foi ou o que fez. Tenho-o como um super herói, digno de uma história herculeana de contornos lendários. Hoje dizemos adeus ao homem que mudou para sempre a história do Futebol Clube do Porto, mas os seus feitos perdurarão na eternidade servindo de exemplo, base, construção e recuperação de sucesso.

Obrigado Presidente. Azul sem fim.