Claro que eu não vivo na utopia de achar que toda a gente no mundo tem um cérebro com capacidade para pouco mais que construir frases de três palavras e saber a tabuada do 1, sei bem que não. Mas também quero acreditar que no futebol está lá um objecto específico para levar pontapés que se chama bola. Se calhar até era escusado dizer que a grande vantagem de ser uma bola e não ser um ser humano é o facto de a bola ser um objecto inanimado, mas pronto, fica aqui escrito em todo o caso. Caso não tenham percebido bem a diferença, peçam aí a algum amigo que vos apresente a sola do sapato às vossas costas e depois são capazes de entender.
Pronto, esclarecemos esta parte mais física.
Mas claro que o futebol é emoção, emoção, emoção. É tristeza, é alegria, é desilusão, é euforia, é frustração, é orgulho. É isto tudo e às vezes em doses cujos cérebros mais débeis não conseguem processar de forma normal e acabam por transformar em estupidez. No fundo, para estas pessoas, é mesmo como a digestão. Comas o que comeres, sai sempre merda.
É pena.
Futebol é sermos pequenos e fazermos balizas com as mochilas e termos que as tirar sempre que um carro vem a passar. Futebol é inter-turmas, ganhar ou perder, e ficar amigo dos jogadores da turma H (ainda por cima, é a turma dos burros geralmente). Futebol é jogar nas distritais, treinar 3 vezes por semana, jogar ao fim-de-semana em campos pelados e ser pago com uma sandes mista e um Sumol. Futebol é cerveja com os amigos, é gozar com os amigos de clubes adversários, é abraçar amigos do mesmo clube, é amizade, é só amizade, é bater nos adversários, é corromper, é comprar resultados, é favorecer equipas, é dinheiro, é só dinheiro.
Ah, descambou. E o futebol também.
Há muito tempo. É pena.
Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:
- Baila com o Sol: Integrado no Festival Solar, concerto do JP Simões com entrada livre no MAAT, amanhã ao final da tarde. Bruno Pernadas no Domingo.
- Viagens com o Charley: O livro que estou a ler agora e a gostar muito. Foi-me recomendado pelo meu avô, era impossível não ser bom. De John Steinbeck.
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