Ensina-se nas cadeiras de economia, o investimento é uma variável relevante para a economia de um país e não há investimento sem poupança. Ora, em Portugal, não há poupança e não há investimento, claro. E quando houve, foi à custa do recurso a financiamento externo, com as consequências que se sabem.

A lógica diria que os pequenos aforradores, aqueles que, apesar de tudo e contra todos, tomam algum risco, deveriam ser bem tratados, até incentivados. O financiamento das empresas está e continua a estar demasiado dependente dos bancos, que não podem continuar com o mesmo padrão de concessão de crédito. Mas a lógica é uma batata, como se sabe. Três meses antes da resolução do BES, foi possível fazer um aumento de capital do banco superior a mil milhões de euros, e tudo se perdeu. No Banif, não foi muito diferente, e voltaram a vender-se obrigações da holding familiar que controlava o banco aos respetivos balcões. E agora, no Novo Banco, o Banco de Portugal descobriu dois mil milhões de euros de obrigações que estavam mesmo ali à mão de semear para compor as contas e os rácios. Diziam que os pequenos investidores estavam protegidos, mas não estavam, nem estão. Danos colaterais.

Cinicamente, as almas não se inquietam com investidores porque são ‘ricos’ ou, pior, especuladores à procura de maximizar o lucro. Bem-feito!? Mal-feito, muito mal-feito. E essas almas só se agitam se, entre os investidores, encontram alguém como eles, com algum ponto de contato, aí, passam a lesados e são dos nossos. Os investidores individuais deveriam ser elogiados e não olhados com inveja, mesmo quando procuram melhores rentabilidades, com mais risco, claro. Não é o risco que está em causa, nem pode ser eliminado, faz parte das regras do jogo, mas essas regras não podem mudar à vontade do freguês, especialmente quando o freguês é que manda, supervisiona e legisla.

Não é possível que, no meio da crise em que vivemos, os investidores tenham passado para último da fila. Vê-se, aliás, no poder perdido pela CMVM, a entidade que tem de garantir a defesa dos investidores, em relação ao Banco de Portugal, o órgão que supervisiona a estabilidade do sistema financeiro e dos depositantes. Entre os dois, houve uma escolha, aparentemente mais útil no curto prazo, com toda a certeza mais prejudicial no longo prazo.

Este governo, e Mário Centeno, que veio do Banco de Portugal, tem uma responsabilidade histórica, e isso vai medir-se também no perfil da pessoa – necessariamente mulher – que vier a ser escolhida para suceder a Carlos Tavares na CMVM.

As escolhas

A partir de hoje vão poder seguir a campanha eleitoral para as presidências. Depois dos debates televisivos – um excesso, resultado de um excesso de maus candidatos que não serve para mostrar a vitalidade da Democracia nem a participação política para lá dos partidos – vão começar as arruadas se São Pedro deixar. Como já é claro, há três verdadeiros candidatos a Belém, há dois candidatos partidários e há um outsider que vale a pena ouvir (Henrique Neto), portanto, uma mão-cheia mais um. Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém estão bem um para o outro, um tem passado a menos, outro(a) tem passado a mais, nenhum tem mesmo para o futuro a partir de Belém. E ambos procuram chegar a uma segunda volta. Marcelo Rebelo de Sousa perdeu simpatizantes que, mesmo assim, votarão em si, e perdeu votos, mas não os suficientes para deixar de ter tudo na sua mão. ‘É uma rifa’, diz Nóvoa. Será, não se sabe que Marcelo teremos em Belém, mas, qualquer que seja a sorte desta rifa, será sempre muito melhor para o país do que qualquer dos dois candidatos socialistas. ‘Even so...’, vai ser interessante, e importante, acompanhar a campanha, e podem fazê-lo aqui.

Ao fim de pouco mais de 40 dias de Governo, muitos pensariam que Mário Centeno seria o ministro mais exposto e mais pressionado. Afinal, escapou – ainda falta ver as contas de tantas medidas já decididas no Parlamento e o Orçamento do Estado – e quem apareceu como elo mais fraco – irresponsável, até – foi o ministro da Educação. Tiago Brandão Rodrigues é cientista e está a fazer experimentalismos, faz sentido. O problema é mesmo para o sistema, para os alunos e para os professores. Acabou com exames sem sequer apresentar uma avaliação dos resultados do que existia, criou umas provas de aferição que serão, claro, um faz-de-conta, e aplica um novo sistema já com o ano letivo em curso. Teme-se o pior. Que falta de educação.

R.I.P. David Bowie. Um daqueles maiores, que nunca morre.

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