São dias de correrias para ti, eu sei. Tens solicitações de todo lado. E pelos vistos tens que ir a muito lado. Até a países e culturas que abraçaram a tua causa, ocidentalizando-se. Sinais dos tempos.

Muitos escrevem a pedir-te muito. Presentes caros e de última geração, de preferência. Não sou candidata a Miss Universo, não quero que me dês de mão estendida a paz no mundo, o fim das guerras e a luta contra a fome e doenças tidas como vencidas. Por isso, numa perspetiva altruísta, decidi dar-te a mão. A ti e às tuas renas.

Ora bem, Portugal é fantástico, deixa-me dizer-te. Aqui podes partir na volta ao mundo que agora encetarás. Ou fazer uma pausa depois, regressando.

Para começar não há santa terrinha, de norte a sul, ilhas, onde não exista um Hotel, Pousada ou Turismo Rural. Tens para todos os gostos. Há “luxos asiáticos”, conventos e palácios recuperados. Se gostares, por exemplo, de futebol e fores fã do Cristiano Ronaldo, o melhor do mundo e capitão dos campeões europeus, podes ficar num hotel com as insígnias do CR7.

Mas há mais. Há o Alojamento Local, Hostels e tudo o mais que é mais que uma moda. É um modo de vida, em qualquer canto, em qualquer cidade ou localidade. Tudo mais ou menos dentro da legalidade, uns mais à portuguesa de outros. Uns pagam impostos ao estado, outros fazem como a minha avó fazia, alugando quatros. Na minha cidade, Lisboa, é vê-los de um lado para o outro, a saírem de táxis e de Ubers a serem recebidos por jovens e menos jovens.

Em Lisboa, por exemplo, há zonas em que é porta-sim, porta-não. Deixo como sugestão dois, se por aqui quiseres pernoitar: Hostel Peti Lusa, ali para os lados do Museu do Fado, em Alfama, com as paredes decoradas por Caver, artista e graffiti português. Ou para outra bolsa, perto do mercado da Ribeira, o “8 Building”, antigo edifício dos CTT (decora bem estas siglas, são dos correios de Portugal que nesta altura já te devem ter enviado dezenas de milhares de cartas com pedidos).

Mas não é só sítios para dormir de que te falo. Temos, como sabes, os melhores campos de golfe do mundo e podes surfar onde quiseres – estou certo já ouviste falar do eixo Ericeira-Peniche-Nazaré. E olhando para ti, tens ar que gostas de te sentar à mesa usando e abusando dos prazeres da vida. Digo-te, temos 21 restaurantes com Guia Michelin. Sabes, aquele livro que tem na capa um “gordo” que veste de encarnado, tal como tu, mas que em vez de distribuir prendas, quem o tem à porta “obriga” a quem lá entra a pagar, e muito. E antes que me esqueça, cinco, leste bem, cinco deles, têm duas estrelas.

Continuando. Terás ouvido falar, por estes dias, de Jesus. Mas não é aquele que estás a pensar. Este a que me refiro, é o Jorge, é treinador de futebol e é filho de Virgolino (avançado de futebol suplente dos míticos Cinco Violinos, equipas dos anos 40-50 do Sporting) e Elisa (já falecida).

Algumas vozes começaram a questioná-lo. Talvez cedo de mais. Parece que ontem renasceu em Belém. Uma estrela holandesa (Bas Dost) devolveu-lhe a luz que ameaçava apagar-se. O caminho faz-se caminhando. Adiante.

E por falar em Belém, de certo deves ter sido convidado para ir ao Palácio com o mesmo nome. Marcelo Rebelo de Sousa tem lá uma medalha ou condecoração à tua espera, acredita.

Entramos no campo da política.

Como somos amigos, deixo-te um aviso. Quando andares por aqui a distribuír os presentes quase que aposto que o encontrarás. Onde tu fores, o Marcelo ou está lá ou já lá foi. Tem sido essa a tendência desde que foi eleito presidente da República. Há selfies a provarem o que aqui escrevo.

Estou expectante, admito, com o discurso de Natal que virá de Belém. Quanto à forma e conteúdo. É que sabes, tivemos 10 anos de Cavaco Silva. A oralidade era um tanto ou quanto monocórdica. E repetitiva. E o entusiasmo das palavras era como comer a fatia do bolo-rei que tem a fava. Ano após ano.

Geringonça é uma expressão que te entrará pelos ouvidos. Bem podia entrar no top ten das palavras mais procuradas no Google, tantas são as vezes que esse nome vem à baila. Eu explico: nasce fruto da “engenharia” parlamentar engendrada pelo Partido de Socialista de António Costa e onde se inclui o Bloco de Esquerda, de Catarina Martins e o Partido Comunista, de Jerónimo de Sousa, em que ambos sustentam o partido que governa.

Não te deixes confundir. Um senhor de nome Pedro apresentar-se-á com um pin na lapela, mas não é primeiro-ministro. Já foi. Mas já não é.

Passo ao assunto seguinte. Mas não menos interessante.

Deves ter lido algures, Lisboa, foi a cidade que acolheu a Web Summit. E será nos próximos tempos a cidade de acolhimento da gigantesca montra de empresários que desenvolvem APP’s para tudo e mais alguma coisa.

Hoje, nós portugueses, somos todos empresários. E somos sempre qualquer coisa. Je suis, nous somme. Fomos tudo e somos tudo. Damos as mãos a causas e criamos páginas de Facebook. Só não fomos uma coisa. Não vi nada escrito de “Je suis... Elefante Branco”, quando este negócio fechou. Aí não fomos nada. Nem sabemos o que era nem onde ficava. Tínhamos uma vaga ideia. Só isso. Pois...

Se andares por aí, por todo o lado há jantares de natal. De amigos, de empresas, de tudo e mais alguma coisa.

Se a minha memória recuar uns anos, em qualquer dessas reuniões à mesa, em especial nos que reunia amigos e colegas de trabalho, havia sempre alguém, aquele ou aquela, por norma o mais sisudo e discreto, que mostrava um lado que nunca ninguém lhe tinha visto na noite do amigo secreto. Explodia, bebia e dançava freneticamente. Até cair e ser levado em ombros. Havia também muitas trocas de olhares de festa para festa. Uns olhares que davam noutra coisa qualquer. E havia orelhas de rena e barretes de natal em cada esquina.

Hoje, infelizmente já nada é como dantes. Está tudo mais entretido a ver redes sociais, a tirar selfies em grupo. Para depois escreverem mais um post a mostrar onde andam e com quem estão. Vais ser requisitado, prepara-te.

Já que estamos numa de dolce fare niente, se tiveres oportunidade, ou tempo, e espreitares de soslaio a televisão quando visitares as casas, deves apanhar um valente susto. “Feiticeiro de Oz”, “Música no Coração”, “Sozinho em casa” ou “Love actually” inundam as televisões, nas matinés e serões. Uma espécie de RTP Memória non stop em cada canal que se mude. Graças a Deus que apesar do Brexit, os britânicos partilham, com o resto da Europa e do mundo, o “boxing day”. Goooooolo!

Nas rádios, a música dos Wham “Last Christmas” é o hit temporário. Quem te avisa sou eu. Toca tantas vezes que me apetece render-me aos encantos de Maria Leal.

Tu também cairás. E nem acreditarás. Tal como eu não acredito em ti Pai Natal. Lamento.

E só te escrevo porque, felizmente, há um projeto de media que o permitiu. Chama-se SAPO24.

SUGESTÕES:

Música: Carta Ao Pai Natal”, do Boss AC.

Livro: Legado” - 15 lições de Liderança, de James Kerr.

Série: The Americans”, criada por Joseph Weisberg.