Foi um campeonato feio, sem grandes jogos, sem grandes figuras ou destaques, muito marcado (como tem acontecido nos últimos anos) pelo futebol falado nas televisões, pelas polémicas nas redes sociais e pelo desgaste de alguns personagens. Também aqui o Benfica esteve melhor, foi quem se desgastou menos ou então foi menos desgastado, o que vai dar ao mesmo e revela capacidade de lidar também com estas variáveis.
Mesmo assim, e a acreditar na nossa imprensa ligada ao futebol, quem ganha faz sempre tudo certo e por isso o escrutínio parece não ser necessário. André Horta passou de promessa maior a não convocado, Carrillo afinal custou um dinheirão em comissões sem utilidade aparente, Celis não calçou e foi emprestado ao Guimarães, Zivkovic apareceu e desapareceu, Hermes estreou-se mas pela B, Rafa e até Cervi pouco incomodaram os titulares. Ou seja, tal como Porto e Sporting, também o Benfica cometeu os seus erros, como seria de supor, porque nenhuma estrutura acerta sempre, mas fica-se com a ideia que em tudo o que tocaram encontraram ouro.
Numa era onde a comunicação é instantânea, os rituais continuam a ser decisivos. Como os domingos e as segundas à noite nas televisões. Ninguém quer falar de jogo jogado porque isso interessa pouco, sobretudo ao Benfica. Aliás seria interessante a análise aos plantéis das televisões e tentar perceber quem está mais bem apetrechado. Por exemplo, será que o Benfica deve alguma coisa destes dois títulos pós-Jesus a Pedro Guerra? Será que ele e outros comentadores assumem o odioso da agressividade e da polémica para que clube, estrutura e jogadores possam não se desgastar já que têm quem lute por eles? Que deveriam fazer Sporting e Porto? Podem fazer alguma coisa? Os comentadores fortes, aguerridos, preparados e irritantes servem alguma coisa aos clubes? Ou são apenas personagens de televisão?
E os árbitros? Porque falam tão pouco, mesmo sendo sistematicamente insultados? Porque não se revoltam nem fazem luto? Serão santos? Serão mestres zen? Ou ganham tanto dinheiro que mais vale fazerem-se de surdos? Quanto dinheiro legítimo e legal ganham afinal os árbitros entre primeira e segunda liga e jogos internacionais? Quantos milhares de euros ganha por ano um árbitro internacional? E o que tem de fazer para ser internacional?
Para o ano há vídeo árbitro, num avanço considerável. Será interessante ver como lidam os treinadores com este sistema. Por exemplo, deverão treinar para que os seus extremos driblem dentro da área para tentar obter mais grandes penalidades? E que devem dizer aos seus centrais? Que tenham mais cuidado nos cantos na marcação ao avançado? E quem serão os novos vilões? A pessoa que está junto das máquinas e avisa o árbitro ou continuará a ser o próprio árbitro?
A ver vamos.
Comentários