Muito se tem falado sobre o novo coronavírus, que ainda não tem nome. Sim, coronavírus é um tipo de vírus e não o nome do bicho. Já tinha havido surtos graves de coronavírus, seja do SARS ou MERS há uns anos, todos eles muito mais mortíferos do que este. No entanto, as notícias têm-se multiplicado com destaques exagerados para esta epidemia dos trezentos. Há cerca de 500 mortos em mais 24 mil infectados, o que dá uma taxa de mortalidade de cerca de 2%. Só para compararmos, na SARS era de 10% e a MERS de 34%. A gripe normal, só nos Estados Unidos da América já matou 10 mil pessoas esta época, numa taxa de mortalidade de 0,05%. Isto sendo que as taxas de mortalidade iniciais destes vírus novos tendem a estar inflaccionadas por apenas serem diagnosticados os casos mais graves. No entanto, temos o outro lado da moeda: um vírus com mortalidade mais baixa espalha-se melhor porque mantém o hospedeiro vivo mais tempo. Os vírus que matam logo são burros e não se espalham tão rapidamente e este facto deu origem ao ditado “A pressa é inimiga da perfeição”.

O problema destes vírus novos é que são imprevisíveis e, para piorar, este vem da China e não sei se já fizeram encomendas de alguns sites chineses, mas nem sempre vem aquilo que se está à espera. No entanto, não tenham medo, à partida não ficam infectados se comprarem um telemóvel Huawei ou One Plus. E Samsung? Samsung é uma marca sul-coreana, seus racistas. Bem, mas o coronavírus não é daquelas apps que vêm instaladas de origem e que não se conseguem apagar. Suspeita-se que o vírus tenha origem num morcego ou, como os chineses chamam, no aperitivo.

Por cá, multiplicam-se os artigos sobre “Saiba o que fazer para evitar o novo coronavírus” e “Conselhos para não ser vítima do coronavírus”. Sim, metem coronavírus para ter cliques, tal como eu fiz no título deste artigo. Bem, mas se querem saber uma dica para evitar o vírus é a seguinte: não viajem para Whuan nem andem lá a mamar desconhecidos da boca. Fácil. À partida, se ficarem por cá, estão safos, pelo menos enquanto o vírus não chegar cá.

Sim, lavem as mãos, mas isso é uma coisa que se devia fazer mesmo sem bicheza no ar. Faz parte da higiene pessoal. Já agora, lavem os dentes e tomem banho, especialmente se vão para o metro ou autocarro. Não é pelo vírus, é mesmo pelo cheiro. Entre o coronavírus e ter um sovaco que cheira a virilha perto do meu nariz, talvez prefira o primeiro. Outra dica: se fizerem sexo com animais, façam-no com protecção e se for com uma cobra, não confundam as pontas que ainda se aleijam.

A histeria vem da ignorância, por exemplo, fui ao café e ouviu uma das empregadas a dizer a outra “Hoje veio cá uma chinesa pedir um café e atendi-a assim” e fez o gesto de cobrir nariz e boca com a gola da camisola. Topei logo que era mentira porque nunca vi um chinês a beber café, só chá. Depois, é ridículo ter este tipo de pensamento preconceituoso e ter este tipo de atitude para com os chineses, até porque podem ser japoneses e não ter o vírus. Por isso, é preciso desmistificar alguns preconceitos:

  • Podem ir a uma loja dos chineses? Podem.
  • Podem ir a um restaurante chinês? Podem.
  • Podem ir a um centro de medicina tradicional chinesa? Podem, mas é gastar dinheiro para nada porque, pelos vistos, não funciona assim tão bem, tanto que os cientistas e médicos estão a tentar desenvolver uma vacina porque parece que as agulhas de acupuntura não matam o bicho do corona. Quem diria. É experimentar homeopatia que quando se está com sintomas de constipação a água ajuda a hidratar.

O coronavírus está a ser muito discriminado, especialmente por ser chinês, mas talvez tenha boas intenções. Reparem que a maioria das mortes têm sido velhos, por isso se o corona chegar a Portugal pode ser vantajoso para todos, já que pode resolver o problema da segurança social e o Governo pode finalmente ficar com o dinheiro todo das reformas como bem gostaria.

Sim, há gente a mais e o trânsito está sempre um caos em muitas cidades, toda a gente secretamente concorda com uma boa pandemia que dizime boa parte da população, o problema das pandemias é que matam sem discriminar ninguém. Bom, matam mais velhos e pessoal novo com pulmão fraco, mas pode chegar a qualquer país, não há muros nem barreiras que travem a sua expansão e isso assusta mais porque nos pode calhar a nós, mesmo tendo começado na China. É por isso que esta ainda epidemia, e não pandemia, tem tanta atenção e esforços para ser travada: pode tocar a todos, caso contrário teria tanta atenção como a epidemia da fome ou da malária em países subdesenvolvidos que matam milhões todos os anos.

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