Joe Biden e Kamala Harris têm problemas graves no seu percurso político até agora e estão longe de poderem ser endeusados, mas mesmo apesar disso a derrota do sociopata do Trump é demasiado importante para que não possamos estar felizes. Não pode haver comparação possível. Ontem, o fascismo global deu um belíssimo e esperançoso tombo. Trump foi o único a cair, mas Bolsonaro, Órban, Duterte, Ventura e todos os outros fascistas racistas do mundo tremeram.

Tremeu o populismo barato que promove a corrupção enquanto diz combate-la, tremeu o racismo sistémico e diário, tremeu a homofobia, tremeu a islamofobia, tremeu o sexismo e o patriarcado instalado, tremeram todos aqueles que se alimentam do ódio e que fazem da sua vida uma luta por impedir a felicidade e liberdade dos outros. As imagens dos americanos felizes a cantar e dançar é tudo o que precisamos de saber sobre este momento. Sim, mesmo quando vivemos uma pandemia infernal que parece não ter fim, a felicidade e o amor que a ideia de um futuro mais igualitário e justo para todos é maior do que tudo.

Mas que isto nos sirva de alerta em Portugal, numa altura em que se escancaram as portas ao fascismo. Há demasiada gente a permitir que o fascismo cresça e ganhe força. Há demasiada gente disposta a esmagar todos os progressos feitos pela luta pela igualdade de género (e com tanto que falta), pela luta anti-racista, pela luta pelos direitos LGBTI+, pela luta dos trabalhadores, pela luta por saúde e educação para todos, pela luta pela liberdade. Cabe a todos estar atentos e não deixar que passem. O entusiasmo pelas eleições nos EUA é bonito porque sabemos a importância que tem para o mundo todo, mas peguemos neste entusiasmo e não o deixemos esmorecer para as nossas eleições, sejam elas presidenciais, legislativas ou europeias.

Não nos iludamos. Está quase tudo por fazer para quem acredita num mundo mais justo para todos, para quem a felicidade de estar vivo está na empatia de estar vivo com o outro, não a destruir o outro. Há muita luta pela frente, nos EUA, na Europa, em Portugal. Mas se esta vitória não nos dá alegria e alento, o que dará?

Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:

- Suburra: Temporada 3 na Netflix.