Em Portugal, das 25 mortes, 15 morreram às mãos dos maridos, companheiros, namorados. Todos os anos os números saem e pasmamos, mas o que fazemos? O que faz o Estado? Que políticas públicas estão os partidos a congeminar? Estarão…? Duvido.
Teremos uma pré-campanha às eleições legislativas, durante as quais ninguém se interrogará sobre estas questões. Só irá importar o que se encontra à vista: a politiquice em detrimento da política. Gostaria de saber o que pensam os diferentes candidatos sobre a continuidade do feminicídio em Portugal. O que propõem?
Também gostaria de saber que formação especializada têm os juízes cá do burgo, para evitar sentenças inapropriadas. Facilitadoras. Algumas das vítimas estavam identificadas como potenciais vítimas de abuso e violência doméstica. Este ano, das 15 vítimas mortas pela mão de homens com quem tinham intimidade, 12 foram alvo de violência prévia e 11 dessas eram vítimas reconhecidas pela família, amigos e até autoridades. Não adianta vir dizer: pois, estava assinalada, mas não havia nada em concreto.
O Observatório das Mulheres Assassinadas da União de Mulheres Alternativa é Resposta (UMAR) refere a necessidade de investir na educação “dos meninos e rapazes”, acrescentando que “a sociedade socializa os rapazes para o ‘eu imperial’ e para o uso de violência”. Este ano, tivemos ainda 38 tentativas de homicídio a mulheres, das quais 25 em contexto familiar.
Comparativamente com o ano passado, não estamos melhor. Os números pioraram. Que país estamos a criar?
Quanto se fala da violência contra as mulheres, temos de assumir que não estamos a encontrar soluções nem a trabalhar na prevenção, estamos só a manter um paradigma infeliz.
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