Os enfermeiros continuam a lutar por melhores condições de trabalho. Não vou dizer se é uma luta justa ou não porque, pasme-se, não sou enfermeiro e, por isso, não sei. Por princípio, defendo todas as classes que se unem e se manifestam para lutar pelo que acham justo e, mesmo que aos olhos de outros não sejam, houve quem lutasse anos pelo direito dos outros de batalharem por causas injustas.

Manifestações e greves laborais, tudo bem, agora greve de fome? É parvoíce. A greve de fome é ofensiva para quem passa fome no mundo. Aliás, greve de fome é apropriação cultural de muitos países de África. Imaginem o que seria explicar o conceito de greve de fome a uma criança subnutrida de África: “Então, greve de fome é não comer por vontade própria, ter montes de comida em casa e dinheiro para ir a restaurantes, mas optar por não comer nada vários dias. Para quê? Então, para lutar pelos meus direitos. Se dá para usar a greve de fome para lutar pelo direito de ter acesso a comida? Bom, nesse caso se calhar não funciona, Wilson, deixa-te estar quieto.”

Primeiro, é uma coisa difícil de provar, como é que sabemos se a pessoa está mesmo em greve de fome? Nos intervalos para ir ao WC pode comer uma bucha ou uma tigela de Chocapic, sentado na sanita, que ninguém sabe. Há fiscalização neste tipo de coisas? Há um técnico que, todos os dias, pesa quem está em greve de fome para ver se está efectivamente a perder peso? Depois, se queres fazer greve de fome não podes ser gordo. Ninguém te leva a sério. Toda a gente olha e pensa “se calhar até lhe fazia bem fechar um bocado a boca para emagrecer, o bisonte”, especialmente numa altura em que o jejum ou jejum intermitente está na moda, com estudos científicos que constatam que faz bem à saúde.

Houve um enfermeiro que decidiu fazer greve de fome durante dois dias. Isto não é greve de fome, isto é ser estudante e acabar-se a massa e o atum e ter-se gastado tudo nos copos na sexta-feira e só se conseguir ir às compras na segunda, quando se recebe a semanada. Uma manifestação mais eficaz, em vez da greve de fome, é só comerem comida que aquele vosso amigo que acabou de se tornar vegan faz e que afiança que é muito saborosa. Digam que o vosso protesto é comer esparguete à bolonhesa feito com courgette espiralizada em vez de massa, e com seitan em vez de carne, e aí, talvez, tenham pena de vocês.

Sugestões e dicas de vida completamente imparciais:

Para ir: Sessão extra do meu espectáculo, Só de Passagem, dia 16 de Março no Teatro Sá da Bandeira, no Porto. Bilhetes neste link.

Para ver: Bem-vindos ao Norte, uma comédia francesa para parecerem intelectuais.

Para ouvir: Parti o telemóvel, uma bonita paródia ao Conan Osíris.

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