Mas, antes mesmo de começar eu a dispersar por teorias, filosofias e fantasias, vamos a factos. Sou mãe de três: um menino de seis, uma menina de quatro e um menino a caminho dos dois. Casada, quase há dez anos. Tenho 34 anos.

A minha mãe tem três filhos. A minha avó materna teve nove, a minha avó paterna teve cinco.
Cresci rodeada de exemplos de maternidade (como todos) e acho que sempre tive à minha disposição uma espécie de livro de instruções “Como ser mãe de todas as maneiras possíveis e imaginárias”.

Entretanto chegou a minha vez. Começou a doer a sério agora que o mais velho foi para o 1º ciclo. Habituadinha aos mimos da IPSS onde todos deram os primeiros passos, eis senão quando encaramos o portão da Escola Básica e atrás dele todo um mundo de incertezas. Quando me perguntaram o que nesta altura da minha vida e do mundo é o mais importante na qualidade de mãe, nem soube por onde começar e muito menos por onde acabar.

Ser mãe vai desde os dilemas do dia-a-dia - onde deixá-los escolher, quando ser intransigente, a chata que diz “não se salta na cama”, “endireita-te na cadeira”, as perguntas e as respostas se “vou não vou?”, “deixo não deixo” - à necessidade crescente de justificações para todas as minhas escolhas e decisões. (A idade dos porquês nunca mais acaba pois não?)

Percebi entretanto que ser mãe é ser protagonista de uma reviravolta geracional. As referências que tenho da minha mãe, das minhas avós, das minhas tias, filtradas por mim e compreendidas e vividas por crianças numa geração e num contexto completamente diferente. Numa época em que tudo muda a uma velocidade nem sempre fácil de acompanhar.

Filhos que reclamam por tablets e telemóveis?!?!… Filhos que só querem a televisão para ver Youtube porque a box é uma seca ?!?!?

A maternidade vive-se em excesso de velocidade, tal como a vida hoje em dia. O que é importante nos dias de hoje?

Acho que já cheguei a uma conclusão: “manter-me firme e hirta como uma barra de ferro”.

Ser fiel às “Leis de Bases da Educação”, não às leis da escola, que essas em nada me alegram, mas manter-me certa das linhas traçadas mesmo com todos os erros que implicam… Ajudar os meus filhos a crescerem felizes, a ganhar competências para serem a melhor versão deles mesmos não é compatível com modas que mudam a cada seis meses, e no meu entender, menos ainda modas ditadas por eles mesmos.

Custa-me horrores dizer que não. Mas custa-me mais aceder a todas as vontades deles… Que passam desde comprar todos os legos do mundo, não vestir camisa, a ir para a cama mais tarde, não comer tudo o que está no prato, etc, etc, etc.

Se hoje acho uma coisa e amanhã acho outra, estou a causar confusão.

Não tenho por hábito perguntar “O que querem fazer hoje?”, não gosto de lhes dar muito protagonismo nas escolhas dos programas. Acho uma responsabilidade muito grande. Adoro fazer coisas com eles. Mas decididas por mim. Coisas que eles gostem, mas escolhidas por mim. Eu é que sou a mãe. É para isso que cá estou.

Quero que quando tiverem no meu lugar, e eu tiver netos para estragar à vontade, eles saibam ser firmes e hirtos como uma barra de ferro.

É ao colo das mães e dos pais que eles devem poder voltar sempre que estão aflitos. É lá que volto sempre que estou aflita.

É de mães cheias de certezas, cheias de leis e convictas do que estão a fazer que os nossos filhos precisam. De mães a quem possam fazer perguntas porque sabem que têm sempre uma resposta! Mesmo que nos trema as pernas com o que estamos a dizer, mesmo que não saibamos do que estamos a falar. A palavra de mãe é Lei porque mãe é mãe e ponto final.

É ao colo das mães e dos pais que eles devem poder voltar sempre que estão aflitos. É lá que volto sempre que estou aflita. E mesmo sabendo que metade das coisas que a minha mãe dizia, já não diz hoje, admiro a força que sempre teve para manter as linhas traçadas, os sacrifícios que fez para cumprir o seu plano e o sucesso que teve em vincar na nossa memória as regras mais importantes que por vezes são as mais simples.

Claro que nisto tudo impera o bom senso, o ”nem sempre nem nunca”, mas acima de tudo, deve imperar a certeza de que sou eu a melhor mãe para os meus filhos.
Em qualquer lugar e sempre, uma mãe é uma mãe. E ponto final.

Maria Teresa Azoia, tem 34 anos, é mãe mãe de três: um menino de seis, uma menina de quatro e um menino a caminho dos dois.