Olha, por que carga de água é que não escreves sobre o Galamba?

Olha, porque não me apetece escrever sobre uma situação que é esmiuçada até à exaustão e aproveitada, politicamente, para fragilizar a democracia.

Estás a defender o Governo?

No caso, acho indefensável, mas não é tanto o ministro.

Então, deverias escrever.

Ah, o dever é um calvário que cada um escolhe e o meu não será certamente o senhor ministro ou o antigo assessor assessor que, francamente, é tão mau quanto tudo o resto e que o PSD acha maravilhoso, só porque é uma forma de bater no Governo.

Lá está, defendes o Governo. 

Senhor, eu defendo a democracia, isso sim, com unhas e dentes e não serve a Portugal a alternativa que temos à direita.

Não serve, mas não serve como?

Não serve, porque o PSD não é, hoje em dia, um partido que faça oposição como deve ser, é mais uma maria vai com as outras, e a possibilidade de uma geringonça à direita envolve o Chega e isso, para mim, na minha cartilha, é de evitar o mais possível, de fugir a sete pés.

Tu és mesmo de esquerda!

Achas? Pois, há malta de esquerda que me acha de direita em algumas coisas.

Em quê?

Não sei, pensando bem, não sei dizer.

Olha, acho que o CDS faz falta. O do coisinho, como é que ele se chamava? Francisco.

Queres o CDS dessa criatura de volta?

Não, mas o CDS que contribuiu para a vida democrática em Portugal durante quase 50 anos, esse, faz muita falta.

Ai, tu és uma pessoa estranha.

Ok, podemos concordar nessa ideia. 

Não achas que o Governo poderia fazer melhor?

Acho, este e todos os outros que conheci. Essa é uma resposta fácil.

Achas que sim? Pois, eu acho que não.

Vá, mas admites que este Governo está...

Pois está, seja lá o que for, está.

Queres acabar com a conversa?

Em calhando tenho de ir ver como chegar ao fim do mês. E ainda dizes tu que estes tipos são melhores que os outros.

Digo, porque, se os outros estivessem no poder, por esta hora teria de ver na mesma como chegar ao fim do mês, mas teria também muitos outros problemas. Talvez seja melhor deixarmos esta conversa para mais tarde.

Pois, é capaz de ser melhor.

Adeus.

Como se diz no Porto, continuação. 

(nota: esta é a reprodução ficcionada de uma conversa de café ouvida enquanto comia um pastel de nata.)