É verdade que o desenvolvimento turístico em Lisboa ainda se encontra na infância, mas será que há a necessidade de proliferarem tantos triciclos? Os tuk-tuks, uma espécie de riquexós para malta que sofre dos joelhos, são um veículo comum na Tailândia. É verdade que se têm multiplicado os esforços, mas ainda conseguimos tornar o trânsito de Lisboa mais parecido com o de Banguecoque. Precisamos de, sei lá, arrancar os semáforos todos ou apagar as passadeiras do chão. Ainda assim, estamos no bom caminho.

Por outro lado, compreendo a intenção de oferecer dois destinos — Sul da Europa e Sudeste Asiático — aos turistas, mas nesse sentido não deveríamos reativar o Elefante Branco, agora com os recursos humanos necessários à realização de espetáculos de arremesso de bolas de ping-pong a partir de paredes vaginais? É uma ideia.

A seguir a dar de caras com o Estripador de Lisboa, o pior azar que podemos ter na capital é ir de carro atrás de um tuk-tuk. Até sou fã dos tuk-tuks elétricos, pelo menos não parecem um martelo pneumático a trabalhar em cima de chapas de zinco, mas não deixa de ser irritante andar no encalço de tão bizarro veículo. São extremamente lentos, porque é difícil para um motor de 100cc transportar um grupo de alemãs com ossos pesados, e porque o guia se delonga a explicitar os factos históricos sobre o local de passagem que acabou de inventar. Arrisco dizer que alguns destes condutores-académicos são visiting scholars em Berkeley, num doutoramento em Bitaite Histórico.

Impressionante é o facto de estas viaturas serem formalmente designadas por veículos de animação turística. Animação? Está certo. Deve ser uma alegria do caraças bater com a cabeça num triciclo de brincar enquanto se leva com a buzinadela de um taxista que vai atrás de vocês há dez minutos porque o guia não anda a mais de 15 km/h devido a estar a explicar que o Mosteiro de São Vicente de Fora (Saint Vincent Is Out Monastery) foi onde o Viriato fez a catequese.

E claro que podem estacionar em todo o lado. Todo o lado! Há mais estacionamento dedicado para estes riquexós satânicos do que para ambulâncias. Claro que para quem vive no centro histórico é impossível estacionar. Em alternativa, os habitantes podiam utilizar o tuk-tuk como meio de deslocação, mas custa umas 50 balas à hora. Compensa mais apanhar um avião para uma cidade onde haja transportes decentes.

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