Um grupo de cientistas pronunciou-se, na semana passada, em relação à construção do novo aeroporto do Montijo – após a Agência Portuguesa do Ambiente ter emitido um parecer favorável à sua construção. Um dos quatro problemas que identificam na decisão de construir essa infraestrutura naquele local é o perigo de inundação por subida do nível da água do mar. Ora bem, em primeiro lugar, estes cientistas, chatos do caraças, sempre a pôr problemas. Em segundo lugar, ninguém me tira da cabeça que não seria muito mais divertido utilizar um aeroporto alagado.

É verdade que, pessoalmente, tinha a ideia de que um aeroporto cheio de água se chamava, simplesmente, porto. Talvez o truque seja esse. Somos convencidos de que se vai construir um aeroporto e, depois, pumba, afinal é outro porto de cruzeiros. Ah, mas o Tejo não aguenta com mais navios daquele tamanho! Não interessa, agora já está. Por outro lado, um aeroporto inundado alteraria todo o protocolo de segurança a que estamos habituados.

“Tem algum computador, tablet?”

“Tenho, mas agora estão estragados. Estamos com água até ao pescoço”

“Olhe, vai é ter de beber essa Coca-cola, não pode passar com líquidos”.

“Literalmente, tudo à nossa volta é líquido.”

“São as regras, companheiro. Vou ter de revista-lo. Afaste as pernas.”

“Não posso, senão afogo-me. Não sei nadar bruços.”

Agora, seria bastante desagradável para pesar a mala, porque toda a gente sabe que a roupa encharcada tem mais peso. E se aquelas decrépitas salas de fumo inundassem, teríamos um gigantesco cachimbo de shisha. Ainda assim, podia ser que, com a substituição da suave aterragem da TAP por uma abrupta amaragem, os portugueses deixassem de bater palmas no fim do voo, pois necessitariam das mãos para nadar de bruços.

Para mim, vai ser interessante do ponto de vista clubístico. Quando o Benfica ganhar a Liga dos Campeões em 2051, depois de uma escaldante final em Pyongyang (se há jogos da UEFA no Cazaquistão não faltará muito), os adeptos poderão receber a equipa nas chegadas do aeroporto, enquanto entoam o imorredoiro cântico “Benfica, eu sou do coração! Benfica, até debaixo d’água!”.

Aliás, não sei como é que não se pensou à partida fazer o aeroporto ali na lagoa de Albufeira. Ou nas piscinas das Olaias. Ou naquela fonte do Rossio, porque não, os turistas já apreciam muito banhar-se vestidos ali no Verão, estão até bastante familiarizados com o espaço. É o que dá tomar decisões precipitadas.

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