O Zé Pedro foi tão grande que a morte dele nos fez sentir a todos pequeninos, minúsculos.
Fãs de Xutos, pessoas que não suportam os "Contentores", a "Minha Casinha" ou o "Circo de Feras", pessoas que eram muito amigas dele, outras que se sentiram privilegiadas por lhe dirigir um “olá” há uns anos no supermercado, velhos, novos, homens, mulheres, praticamente todos os portugueses. A unanimidade que envolve as tão boas opiniões sobre o Zé Pedro cobre todos os tipos de portugueses e é a prova de que ele era daquelas pessoas de quem era impossível não gostar.
Numa altura da nossa História em que as redes sociais estão sempre em atrito, em combate, em desgaste, a morte do Zé Pedro uniu a tristeza e a decepção dos portugueses como a vida dele unia a nossa alegria e admiração. Claro que há sempre um ou outro que ainda consegue fazer ou publicação ou deixar um comentário acusatório sobre as publicações de pesar pela morte do Zé Pedro serem apenas para ganhar likes. Mas, se calhar, estas pessoas deviam ir escrever estas coisas num caderninho, num bloco de notas. Só para terem a certeza que era impossível eles próprios receberem likes naquela publicação. Fica a ideia.
Às vezes parece estúpido, escrever nas redes sociais sobre alguém ou para alguém que não poderá nunca ler aquilo. Não faço ideia do que é que acontece quando morremos, mas quero acreditar que não há lá wi-fi, precisamos de descanso. É claro que quando fazemos este tipo de posts não escrevemos para essa pessoa, escrevemos uns para os outros. Contar as histórias que tivemos a sorte de viver com o Zé Pedro, expressar a nossa admiração, expurgar a nossa tristeza ou celebrar a alegria que foi tê-lo por cá. Sim, não é para ele, é para nós mesmos, de uns para outros. Para sentirmos que, mesmo que isto de estar vivo não pareça fazer sentido nenhum às vezes, ao menos temo-nos uns outros para nos irmos amparando até irmos para onde foi o Zé Pedro.
Foi uma estrela do Rock'n'Roll, foi um ser humano gigante na sua humildade, foi e é um exemplo. Unir os portugueses na vida e na morte é para os raros, é para os que deviam cá ficar para sempre.
Obrigado, Zé Pedro, e que sejamos todos um pouco do que tu foste.
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