Do debate à aprovação de uma moção vão 16 horas de distância

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

No início deste domingo, logo que o relógio bateu a meia-noite, o CDS-PP não tinha ainda encerrado ainda o seu Conselho Nacional, que estava reunido desde pouco depois do meio-dia, por videoconferência, para discutir e votar uma moção de confiança apresentada pelo líder, Francisco Rodrigues dos Santos. O dia foi longo e muito havia ainda a discutir.

Trinta conselheiros nacionais estavam, às 01:30, inscritos para intervir no Conselho Nacional — e cada um tinha direito a usar da palavra, no máximo, entre três a quatro minutos. Por isso, as previsões era claras: o resultado não seria certamente conhecido antes da 03:00.

Ao longo da madrugada, alguns pontos foram sendo referidos, entre eles:

  • Cecília Anacoreta Correia, porta-voz do partido, considerou que o antigo vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes não é "salvador da pátria", e pediu aos conselheiros que deem "um voto de confiança" à atual direção;
  • O vice-presidente do CDS-PP, Francisco Laplaine Guimarães, defendeu que a atual direção do partido "ainda tem muita coisa boa para dar" e afirmou que, ao longo do Conselho Nacional, viu "poucas preocupações em melhorar o partido";
  • Adolfo Mesquita Nunes defendeu que, para "mobilizar os dirigentes" para as eleições autárquicas, o líder do partido "tinha que ser o primeiro a avançar" para uma candidatura;
  • O antigo líder parlamentar do CDS-PP Nuno Magalhães, o antigo deputado Hélder Amaral e o vogal da Comissão Política Nacional Pedro Pestana Bastos defenderam a realização de um congresso antecipado ainda este ano;
  • António Galvão Lucas, coordenador do gabinete de estudos,  realçou o resultado do partido nas últimas eleições legislativas e a má situação financeira.

Mas voltemos à votação propriamente dita, que arrancou pela 01:30, ainda durante a discussão da iniciativa, o que foi permitido pela aprovação de um requerimento nesse sentido.

Apesar de às 02:15 o presidente do Conselho Nacional ter anunciado que àquela hora já tinham votado 250 conselheiros, a decisão só foi divulgada no final de todas as intervenções, já depois das 04:00.

Ao fim de 16 horas de reunião, a moção foi aprovada. Votaram — através de voto secreto digital — 265 conselheiros (com recurso a um método que incluiu emails, mensagens de telemóvel e códigos de segurança). E, feitas as contas, registaram-se 144 votos a favor (54,3%), 113 votos contra (42,6%) e oito abstenções (3%).

Sabido o resultado, chegou a hora de Francisco Rodrigues dos Santos reagir.

Em declarações aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, o líder do CDS-PP afirmou que saberá interpretar os resultados e as críticas que foram sendo feitas pelos conselheiros.

"Sairei daqui presidente de todos os militantes do partido, daqueles que votaram favoravelmente a moção de confiança desta direção mas também, e sobretudo, de todos aqueles que entenderam não votá-la favoravelmente. Especialmente para esses, empenhar-me-ei para convencê-los de que esta direção levará o CDS ao sucesso que merece, a pensar desde logo nas próximas eleições autárquicas", defendeu.

Por sua vez, Adolfo Mesquita Nunes — que propôs a realização de um congresso eletivo antecipado, antes das autárquicas — afirmou que respeita o resultado da moção de confiança à direção do partido e disse ainda que quis "alertar para uma crise de sobrevivência" no partido.

Contudo, os próximos dias ainda vão ser de mudanças no CDS. Depois das saídas de membros da direção desde o final de janeiro, Francisco Rodrigues dos Santos vai ter agora de fazer substituições.

"Ainda não pensei nesses substitutos, porque não quis adiantar-me àquela que seria a decisão do Conselho Nacional, seria até uma falta de respeito pelo órgão", disse, frisando que os nomes deverão surgir na próxima semana.

Esperemos, então.

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