Cronologia: ciência ou tratado da divisão dos tempos memoráveis, e determinação por ordem das datas dos factos do que a cada uma competem. 

Numa rápida consulta ao dicionário, surge o termo que pode ser utilizado para melhor organização do que passa no Conselho Nacional do CDS-PP. A reunião, que começou esta manhã, prolongou-se por todo o dia — estando ainda a decorrer no momento de publicação deste artigo.

Contudo, ao invés de serem utilizadas datas, utilizemos horas. Vejamos então:

11h00: Hora inicial para o início do Conselho Nacional. Motivo: Discutir e votar uma moção de confiança à Comissão Política Nacional apresentada pelo líder, Francisco Rodrigues dos Santos, depois de o antigo vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes ter proposto a realização de um congresso eletivo antecipado e ter anunciado que será candidato à liderança caso essa reunião magna aconteça;

12h10: Hora real de início. Os trabalhos arrancaram à porta fechada;

Algures ao início da tarde: O presidente do Conselho Nacional do CDS-PP, Filipe Anacoreta Correia, não se comprometeu com o método de votação da moção de confiança e remeteu essa discussão "para o momento próprio";

15h45: Os trabalhos do Conselho Nacional foram abertos à comunicação social, depois da aprovação de uma proposta nesse sentido. A partir daí, foram mais de 10 os jornalistas a acompanhar a reunião numa pequena sala na sede, através de um ecrã;

16h42: Adolfo Mesquita Nunes informou que ia abandonar o Conselho Nacional. Motivo: Filipe Anacoreta Correia pôs à consideração dos membros a decisão sobre o modo como será votada a moção de confiança à comissão política nacional, apresentada pelo líder do partido. O antigo vice-presidente do CDS-PP, que propôs a realização de um congresso eletivo antecipado, não concordou com esta decisão;

No "momento próprio": Foi referido que a moção de confiança iria ser decidida por voto secreto. O presidente do CDS-PP já tinha afirmado que não tinha "medo rigorosamente nenhum" que a moção de confiança à sua direção decorresse por voto secreto, mostrando-se favorável a este método;

17h23: Mesquita Nunes regressa, depois de ter sido aprovado o voto secreto. "Saí dos trabalhos porque não pactuo com uma ilegalidade. Volto porque a legalidade, depois de tanta pressão, prevaleceu", escreveu no Twitter;

18h30: Francisco Rodrigues dos Santos falou pela segunda vez ao Conselho Nacional, meia hora depois do previsto, a partir da sede nacional do CDS-PP, em Lisboa. O que disse?

  • Salientou que não abandonou o partido "depois do pior resultado eleitoral da sua história" e desafiou os críticos que pertenceram à anterior direção a "responderem pela estratégia que defenderam";
  • Defendeu que, ao longo do último ano, a sua direção teve de "começar a reerguer um partido que o rumo anterior deixou arruinado financeiramente, desacreditado e à mercê da concorrência de novas forças políticas à direita";
  • Considerou que "não tinha sido desejado nem querido pela nomenclatura do partido" e também "nunca" foi "aceite por ela como legítimo presidente do partido";
  • Afirmou que não se oporá à convocação de um congresso extraordinário depois das eleições autárquicas, caso os militantes assim o entendam, mas salientou que quer "executar o projeto" para o qual foi eleito.

No resto da tarde e início da noite: Várias intervenções foram tendo lugar. Destaque, mais uma vez, para Adolfo Mesquita Nunes, que defendeu que o partido tem de "mudar agora" para poder crescer, e recusou ter abandonado o partido, depois das farpas atiradas por Francisco Rodrigues dos Santos;

22h10: O Conselho Nacional não dá mostras de estar terminado. Passaram 10 horas desde o início da reunião.

Um cronologia quer-se acabada, para melhor caracterização de um acontecimento. Todavia, esta será imperfeita. Afinal, muito ainda há para falar em Lisboa e, se hoje o dia foi assim, não lhe restam muito mais horas. Amanhã haverá mais?