Um domingo de Páscoa celebrado com os olhos postos na segunda-feira

António Moura dos Santos
António Moura dos Santos

Por norma, os domingos de Páscoa passam-se com um misto de comunhão familiar e angústia por saber que esta vai dar lugar a mais um dia de trabalho na segunda-feira que se segue. Poder-se-á dizer que é a norma para todos os domingos, mas o sentimento é especialmente agudizado na Páscoa.

Este ano, porém, tal como no anterior, a Páscoa foi diferente. Fora os inevitáveis casos de quem tenha conseguido contornar as normas, as celebrações foram, por regra, tidas em pequenos núcleos familiares nos concelhos de residência, já que foi proibido sair dos mesmos na última semana.

Desta vez, todavia, o que fez a muitos ansiar pela segunda-feira apesar de domingo ser o verdadeiro dia de festa vai para lá de ser uma celebração pascal a saber a pouco. É que amanhã entramos na segunda fase do desconfinamento.

Tal como António Costa confirmou na passada quinta-feira, nesta segunda, 5 de abril, dá-se a segunda fase do plano iniciado a 15 de março. Para muitos, tal significa mais liberdade, mas para outros tantos, é um balão de oxigénio para conter o sufoco dos últimos meses, especialmente para a restauração e comércio, encerrados desde o início do ano ou a operar a conta-gotas.

Recorde aqui o que reabre amanhã:

  • Os restaurantes, pastelarias e cafés com esplanada podem reabrir, com grupos limitados a quatro pessoas, mas o primeiro-ministro recomendou hoje que se mantenham “todas as cautelas”, incluindo o uso de máscara quando não se está a comer ou a beber. As esplanadas podem funcionar até às 22:30 durante a semana e até às 13:00 aos fins de semana e feriados.
  • As lojas com porta para a rua com menos de 200 metros quadrados deixam de ter de vender ao postigo e passam a poder ter as suas portas franqueadas ao público;
  • Atividades de Tempos Livres dirigidas a esses estudantes;
  • Centros de dia e equipamentos sociais para a área da deficiência;
  • Ginásios e academias podem voltar a funcionar, desde que sem aulas de grupo, e a atividade física e desportiva de baixo risco passa a ser permitida, nos termos das orientações específicas da Direção-Geral da Saúde;
  • Museus, monumentos, palácios e sítios arqueológicos ou similares, nacionais, regionais e municipais, públicos ou privados, bem como as galerias de arte e as salas de exposições. Estes equipamentos encerram às 22:30 durante os dias de semana e às 13:00 aos sábados, domingos e feriados.

Mas esta nova fase não se reflete apenas no comércio, na cultura ou no setor social. Para muitas famílias, esta segunda-feira é o retorno a uma certa normalidade, já que os alunos do 2.º e 3.º ciclo retomam as aulas presenciais, juntando-se aos alunos do 1.º ciclo e às crianças em creches e pré-escolar, que já tinham regressado à escola a 15 de março;

Nem tudo são rosas, porém. Se fazia tenções de abandonar o concelho onde se encontra amanhã, talvez seja melhor repensar essa ideia. É que se numa fase inicial o Governo tinha terminado a proibição de circulação às 05h00 de amanhã, um comunicado do Conselho de Ministros confirmou o seu adiamento até às 23h59. Ou seja, só a partir de 6 de abril é que se volta a poder circular livremente.

Terminada a Páscoa, será necessário nos dias que se seguem perceber até que ponto as celebrações — mais ou menos contidas — poderão influenciar a transmissão da covid-19 daqui para a frente. Estando fresca na memória a escalada que se verificou depois do Natal e Ano Novo, ninguém quererá entrar na primavera fechado em casa.

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