O Emirado Islâmico do Afeganistão

No momento em que escrevo este texto, o Emirado Islâmico do Afeganistão ainda não existe. Pelo menos oficialmente. Mas estará a pouco tempo de ser proclamado pelos talibãs que este domingo tomaram Cabul, a capital, o último ponto de resistência do Governo cujo líder, durante o dia de hoje, fugiu do país.

Os talibãs entraram na capital afegã, após uma ofensiva militar-relâmpago. Três dos seus altos responsáveis declararam que os rebeldes se apoderaram do palácio presidencial e estão a realizar um conselho de segurança.

Entretanto, a estação televisiva Al-Jazira está a divulgar imagens de um grande grupo de combatentes talibãs dentro do palácio presidencial, na capital afegã.

Espera-se agora que anunciem a tomada do poder a partir do palácio e o novo nome do país.

Um porta-voz do movimento islâmico radical, que governou no Afeganistão entre 1996 e 2001, disse à BBC que os talibãs pretendem assumir o poder no Afeganistão “nos próximos dias”, através de uma “transição pacífica”, 20 anos após terem sido derrubados por uma coligação liderada pelos Estados Unidos, pela sua recusa em entregar o líder da Al-Qaida, Usama bin Laden, após os atentados de 11 de Setembro de 2001.

O Presidente afegão, que hoje abandonou o Afeganistão quando os talibãs estavam às portas da capital, declarou ter fugido do país para “evitar um banho de sangue”, reconhecendo que “os talibãs ganharam”.

Em Portugal, o ministro da Defesa, que já anunciou que o país está a cooperar nas operações da União Europeia e NATo e que se encontra disponível para receber refugiados afegãos, fez duras críticas ao acordo assinado entre os Estados Unidos e os talibãs em fevereiro de 2020 sobre a retirada de tropas estrangeiras do Afeganistão.

"Depois desse acordo, aquilo que se está hoje a passar iria acontecer em algum momento e, infelizmente, esse acordo entre os Estados Unidos e os talibãs foi feito de uma forma extremamente imperfeita, foi feito com um calendário de retirada das tropas estrangeiras negociado unilateralmente pelos Estados Unidos e não pela NATO", disse o ministro.

O governante reforçou que "este desfecho tornou-se inevitável" e que "era uma questão de mais uns meses ou menos uns meses" para que acontecesse.

"Há muitas lições a retirar deste processo, que é um processo profundamente infeliz, do qual os países ocidentais não se podem orgulhar", frisou o ministro da Defesa.

Os próximos dias são tão incertos como frágeis, tão frágeis como aquilo que ficou de 20 anos de ajuda internacional ao Afeganistão.

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