Afinal, o que se passa nos hospitais açorianos?

Inês F. Alves
Inês F. Alves

Tem sido uma semana tumultuosa nos hospitais açorianos, em especial no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.

Médicos dos três hospitais públicos da região (Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta) manifestaram, num abaixo-assinado enviado ao presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, ao vice-presidente do executivo, Artur Lima, e ao secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, a sua indisponibilidade para realizar horas extraordinárias para além do limite legal das 150 horas, o que poderá colocar em causa o serviço de urgência já em dezembro.

Entretanto, na quarta-feira, José Manuel Bolieiro confirmou a demissão dos 10 chefes do serviço de urgência do hospital de Ponta Delgada, mas garantiu que “as escalas de urgências dos três hospitais” estavam asseguradas na próxima semana.

No dia seguinte, a responsável nos Açores da Ordem dos Médicos, Margarida Moura, denunciou, a falta de condições de assistência aos doentes no Hospital do Divino Espírito Santo, nomeadamente na cirurgia geral, cuja diretora de serviço havia apresentado demissão.

Hoje,  21 dos 25 diretores dos serviços desse hospital demitiram-se. A decisão foi dada a conhecer por Emanuel Dias, porta-voz dos diretores de serviços clínicos demissionários, considerando que o presidente do Governo Regional “foi enganado pelo conselho de administração, porque as escalas não estão completas”.

Nem uma hora passou e soube-se que a presidente da administração do hospital, Cristina Fraga, “colocou o seu lugar à disposição, tendo o presidente do governo aceitado o seu pedido de demissão”.

Na sequência da demissão, a direção clínica e o conselho de administração do hospital de Ponta Delgada vieram a público assegurar "que a segurança dos doentes está garantida, com esta escala de urgência apresentada, com dois cirurgiões de serviço" até 07 de dezembro, informação que foi "transmitida ao presidente do Governo Regional dos Açores".

A direção clínica e o conselho de administração salientam neste esclarecimento que se mantêm "totalmente disponíveis e abertos ao diálogo" com todos os diretores de serviço e "comprometidos em ultrapassar" a situação.

Já ao final da tarde, o presidente do Governo dos Açores disse ter a garantia de que os diretores dos serviços clínicos vão “mudar o comportamento” e retirar a demissão, após a saída da presidente do hospital de Ponta Delgada. "O que me transmitiram é que, perante estas soluções e estes compromissos, iriam mudar o seu comportamento. Portanto, o que eu interpreto é que a alteração de comportamentos, naturalmente, implicará uma retirada da demissão”, disse.

José Manuel Bolieiro adiantou ainda que os médicos se “vão empenhar” para garantir que escala de urgência em dezembro seja “maioritariamente asseguradas pelos próprios profissionais do Hospital do Divino Espírito Santo” e com uma utilização “residual” de tarefeiros.

Além disso, reconheceu a necessidade de resolver o “mal-estar” interno no maior hospital dos Açores.

O rastilho de toda esta situação, todavia, parecem ter sido as declarações vice-presidente do governo regional que em 11 de novembro considerou que os médicos “não podem usar o dinheiro como moeda de troca para dispensar” a prestação de cuidados. Entretanto, Artur Lima já afirmou que não teve “intenção de ofender os médicos”.

Quanto à substituição de Cristina Fraga, o líder do executivo dos Açores rejeitou “precipitações” na nomeação da nova administração do hospital de Ponta Delgada e lembrou que o tempo de gestão permitido legalmente são dois meses. Assim Cristina Fraga vai continuar como presidente demissionária, gerindo a “parte financeira”, mas sem se envolver na gestão clínica.

“Não sou uma pessoa de precipitações. Prefiro fazer no melhor tempo e bem, do que me precipitar e fazer mal. Portanto, será o tempo que for necessário e adequado para melhor servir os interesses do Hospital Divino Espírito Santo”, disse.

*Com Lusa

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