Depois do “não” da Bulgária, Zelensky recebe o “sim” dos EUA e vai à Turquia esclarecer os “nims” com Erdogan

Manuel Ribeiro
Manuel Ribeiro

A pedido do presidente ucraniano, Recep Tayyip Erdogan recebeu o seu homólogo em Istambul para alinhar apoio à adesão na reunião de todos os estados-membros da NATO em Vilnius, na próxima semana. O acordo de cereais, no Mar Negro, e o fornecimento de armamento foi também discutido.

Depois de um périplo por outros países membros da Aliança, como a Bulgária, ontem, a Eslováquia e a República Checa, nesta sexta-feira, o presidente da Ucrânia chegou a Istambul num avião do governo checo.

Em Istambul, Zelensky procura reforçar o apoio de Erdogan, sendo a ajuda militar turca, e o acordo dos cereais, extremamente importante para a Ucrânia (e para o mundo). Sobretudo, depois do “não” que recebeu na quinta-feira do presidente da Bulgária, embora o governo búlgaro apoie a Ucrânia.

Neste vídeo, publicado no Twitter, pode ver-se o presidente Rumen Radev a afirmar que não vai fornecer armas à Ucrânia “porque não as tem”, terá dito o presidente. “Queremos ouvir mais a palavra paz”, terá ainda afirmado - segundo a descrição no tweet que acompanha as imagens do encontro entre o chefe do Estado búlgaro e Volodymyr Zelensky.

A ambiguidade búlgara mereceu duras críticas de Zelensky. O presidente ucraniano criticou ainda a falta de unidade na NATO, referindo-se também à Turquia e Hungria, que demoram em ratificar a adesão da Suécia, bem como as divergências quanto ao processo de adesão da própria Ucrânia.

“Penso que não há unidade suficiente nesta área. E isso é uma ameaça à força da Aliança (…) É muito importante para a segurança de todo o mundo”, disse Zelensky, acrescentando que espera que a Aliança recupere o seu espírito de união.

Para Zelensky, estas divergências favorecem a Rússia que conta com a “fraqueza e desunião na Aliança”.

Daí a decisão de seguir para Turquia. Zelensky procura hoje obter de Ancara garantias claras de apoio na adesão à NATO, fornecimento de material bélico - drones Bayraktar turcos -, e no acordo de cereais onde a Turquia tem sido um parceiro-chave no desbloqueio do Mar Negro por parte da Rússia.

Por seu lado, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que o seu país tomará “a melhor decisão” em relação à adesão da Suécia à Aliança Atlântica. Não foi um "não", mas também não é um "sim".

“Vamos discutir com os nossos aliados durante a cimeira que terá lugar na terça-feira em Vilnius e vamos tomar a melhor decisão, seja ela qual for”, prometeu o chefe de Estado turco, horas antes da chegada de Volodymyr Zelensky a Istambul.

Enquanto Zelensky e Erdogan conversam, a Casa Branca voltou a afirmar que nada será decidido em Vilnius em relação à adesão da Ucrânia.

Kiev "ainda tem de dar mais passos antes da adesão" e "não se juntará" à organização agora, afirmou, o porta-voz para a Segurança Nacional dos EUA. Mais uma mensagem negativa para Zelensky dirimir.

Contudo, Jake Sullivan disse sim em relação a material bélico: os Estados Unidos vão enviar bombas de fragmentação para a Ucrânia.

Decisão que o secretário-geral da ONU condenou.

António Guterres, rejeita o "uso contínuo de munições de fragmentação ('cluster') no campo de batalha", disse o seu porta-voz, depois do anúncio de Washington.

A ofensiva diplomática internacional de Volodymiy Zelensky, em busca de apoio para a entrada do seu país na Aliança Transatlântica, antes da importante reunião que vai ter lugar na próxima semana na capital da Lituânia, deixa, uma vez mais, tudo em aberto.

Enquanto os “nims” perduram, a guerra na Ucrânia continua, e o seu povo sofre.

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