A cerimónia de lançamento, que se enquadra no âmbito do Fórum Angotic Angola 2019, que decorre em Luanda, teve lugar hoje na Escola de Formação de Forças Especiais das Forças Armadas Angolanas (FAA), na zona de Cabo Ledo, cerca de 130 quilómetros a sul da capital angolana.
Construído em formato de uma lata de refrigerante de 330 mililitros e equipada com dispositivos eletrónicos para a receção de dados da missão, coordenadas GPS, altitude máxima e localização e recuperação, os 10 “CanSat” foram construídos por outras tantas equipas de estudantes de várias regiões académicas angolanas.
Com o auxílio de um helicóptero das FAA, os minissatélites acoplados a um paraquedas foram lançados a uma altitude de cerca de 500 metros e, por intermédio dos sensores neles instalados, os estudantes em terra registavam em tempo real as informações enviadas pelos computadores, numa espécie de “estação terrena”.
Os dez pequenos satélites, construídos no âmbito da considerada “abertura da cultura espacial” em Angola, foram lançados em hora e meia e com missões informativas de alguns dados, sobretudo em relação à pressão atmosférica da região.
“Conseguimos atingir uma altitude máxima de 438 metros em relação ao nível do mar, visto que aqui na região do Cabo Ledo estamos a 80 metros de altitude”, disse à Lusa o estudante Graciano João Baptista, após o “CanSat 07″ da sua equipa atingir a superfície terrestre.
“Felizmente, conseguimos receber todos os dados da missão que foi definida, que é a medição da temperatura ambiente, a questão da pressão atmosférica e a questão da altitude a que estavam”, acrescentou o estudante do Instituto Superior Técnico Militar angolano.
A experiência na construção de minissatélites e o respetivo lançamento hoje realizados foi também sublinhada por Telma Lopes Congo, de 21 anos e uma das integrantes das dez equipas desse projeto.
Para a estudante de engenharia de telecomunicações da Universidade Católica de Angola (UCAN), o “CanSat” congrega “distintas valências”, referindo que assistir as fases de construção de um pequeno satélite foi “gratificante”.
“Para o povo ou para a sociedade, os ‘CanSat’ podem ser utilizados para diversas missões, segundo o que for estabelecido”, frisou.
Por seu lado, Macanda Carlos, também estudante da UCAN, considerou que o processo de construção e lançamento dos “minissatélites” surge para “dinamizar o setor da tecnologia espacial” angolana.
O lançamento do “CanSat” é uma das ações enquadradas no Fórum Angotic Angola 2019, iniciado terça-feira e que se prolonga até quinta-feira, uma realização do Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação (MTTI) de Angola.
Gilberto Gomes, responsável do departamento de Ciências Espaciais e Pesquisa Aplicada do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional, apresentou à Lusa os fundamentos do projeto, apontando a “transferência de conhecimentos aéreos espaciais à comunidade académica” como um propósito da iniciativa.
“O Ministério [das Telecomunicações e Tecnologias de Informação] tem vindo a formar quadros para a área espacial e também tem vindo a transferir esse conhecimento para a academia através do binómio universidade/indústria”, disse.
Com esta experiência, adiantou, pretende-se “trazer conhecimento para a academia”.
“A partir daqui, vai nascer aquela que vai ser a indústria espacial nacional, porque queremos criar valências internas naquilo que é nossa missão no Programa Espacial Nacional. E para a sustentabilidade do programa há necessidade de se fazer a formação de quadros”, concluiu Gilberto Gomes.
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