Dos Açores, mais precisamente da Ilha de Santa Maria, podem partir pequenos satélites para o espaço, com a data prevista para os primeiros lançamentos começarem em 2021.

É esta a mensagem (e desejo) que o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, transmitirá esta terça-feira durante o 69º Congresso Internacional de Aeronáutic, evento que está a decorrer em Bremen, na Alemanha.

Nesta apresentação do Porto Espacial dos Açores num congresso que reúne 4 mil especialistas do setor, players internacionais e investidores, Manuel Heitor apresenta formalmente o Programa Internacional do Atlântico de Lançamento de Satélites.

O documento elaborado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia e pela Estrutura da Missão dos Açores para o Espaço (EMA- Space), que tem o apoio do governo português e do governo regional lança um convite internacional a entidades qualificadas para manifestarem o seu interesse até 31 de outubro (a primeira fase de três do programa arrancou a 24 de setembro) em colaborar com empresas portuguesas e centros de investigação e engenharia para conceber, instalar e operar um porto espacial na Ilha de Santa Maria, nos Açores, em associação com o desenvolvimento e operação de uma nova geração de serviços de lançamento de satélites para o espaço, numa incitativa apoiada pela Agência Espacial Europeia (ESA).

Malbusca. O lugar eleitos para os pequenos foguetões

O Programa Internacional do Atlântico de Lançamento de Satélites arranca com a auscultação do mercado internacional sobre esta corrida ao Espaço e, especificamente, na área dos lançamentos de pequenos satélites (até 500 quilos), procurando atrair investimento direto estrangeiro para apoiar a dinamização do setor espacial em Portugal.

Os interessados devem apresentar propostas até 31 de outubro, sendo que um dos pré-requisitos é que o plano contemple a possibilidade de realização dos primeiros lançamentos já em 2021 na ilha de Santa Maria, nos Açores.

A localização dos Açores, no Atlântico, e a sua centralidade em relação à Europa, Américas e África, são mais-valias para estes lançamentos de pequenos satélites

Malbusca, na freguesia de Espírito Santo, tem sido apontado como um dos melhores locais para acolher este projeto se a proposta for da construção de um porto vertical. Mas o lançamento também pode ser horizontal, através de aviões recorrendo-se ao aeroporto de Santa Maria.

No caderno de encargos entre os direitos e os deveres que os candidatos à corrida ao espaço do lançamento para pequenos satélites constam ainda a obrigatoriedade de colaboração com empresas portuguesas durante todo o processo, estudos de impacto ambiental na ilha, a descrição da solução de lançamento (que pode ser vertical ou horizontal) e a indicação da carga prevista a transportar e o número de lançamentos a executar por ano.

O governo português e regional dá um apoio “logístico” na ordem dos seis milhões de euros, contemplando investimento ao nível de acessibilidades e infraestruturas no aeroporto e porto marítimo na ilha de Santa Maria. O ministério da Ciência criará ainda bolsas de investigação e desenvolvimento nesta área num valor que pode ir até aos 10 milhões de euros por ano, no período entre 2019 e 2023.

Os presidentes da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), Paulo Ferrão, e da Estrutura de Missão para o Espaço dos Açores (EMA - Açores), Luís Santos, Henrique Martins, representante do CEC - Conselho Empresarial do Centro e Rui Santos, Diretor Geral do AED Cluster Portugal, que representa o projeto KnowNow4Aerospace, acompanham o responsável da pasta da Ciência em Bremen, a cidade espacial alemã e um dos centros espaciais lideres a nível europeu, na promoção das empresas portuguesas do setor aeronáutico sector, “nomeadamente as relacionadas com a Indústria 4.0” promovendo “os valores da competitividade e da qualificação dos nossos recursos humanos”, sustenta Rui Santos, diretor deste cluster que arrancou em 2017.