O Duolingo está a preparar-se para se cotar em bolsa com uma avaliação multimilionária. A plataforma, que permite a aprendizagem de vários idiomas a custo zero para o consumidor, vale atualmente cerca de 2,4 mil milhões de dólares. Depois de quase uma década a funcionar como um agente de democratização no acesso à cultura (e, no fundo, a várias culturas), o serviço tornou-se na aplicação educacional com mais downloads, tanto na App Store como no Google Play.
Em 2020, a receita do Duolingo atingiu cerca de 162 milhões de dólares, um aumento de 129% em relação ao ano anterior. O valor está associado à pandemia e ao confinamento, onde milhares de utilizadores aproveitaram a falta de atividades fora de casa para juntar uma nova língua ao seu CV. No primeiro trimestre deste ano, as receitas continuaram a crescer e atingiram os 55,4 milhões de dólares (um aumento de 97% relativamente ao mesmo período de 2020).
Antes de mais: como funciona o Duolingo?
O serviço desta escola virtual de línguas pode ser acedido através de uma app, no smartphone, ou do próprio site, através de um computador. Uma vez selecionada a língua que se pretende aprender, o utilizador depara-se com uma espécie de plano a longo prazo de aprendizagem, com uma série de etapas, tal como as matérias em cada disciplina da escola. O nível de dificuldade vai aumentado, entre escrita e oralidade, e, para que o aprendiz salte para a etapa seguinte, precisa de concluir as anteriores, de modo a que aprenda de forma gradual. Depois de concluídas todas as etapas, o aluno desta edtech é considerado fluente.
Não há limite de línguas para aprender, nem compromisso do nível que se quer atingir uma vez começado um curso. Assim que o utilizador decide aprender a falar francês, por exemplo, pode ficar-se pelo simples bonjour ou chegar ao ponto de ler Balzac na língua original. Os cursos são feitos ao ritmo de quem os faz, apesar de haver uma mascote – uma coruja – que serve como assistente de aprendizagem.
Apesar de ter na sua folha salarial um grupo reduzido de tradutores, a maioria dos responsáveis cursos são, maioritariamente, voluntários. De momento, estima-se que a comunidade de voluntários ronde as mil pessoas. Esta questão já levantou algumas dúvidas relativamente ao modelo de negócio da plataforma.
De momento, é possível aprender no Duolingo cerca de 40 idiomas diferentes e a app tem mais de 40 milhões de utilizadores ativos por mês. Curiosidade: o curso de português tem, atualmente, 2,36 milhões de alunos a aprender a nossa língua a partir do inglês, assim como outros tantos milhões a aprender a partir de outras línguas.
Se é grátis, de onde vem o dinheiro?
O Duolingo segue um modelo freemium, na qual os utilizadores que usam a versão grátis da app vêem o seu estudo ser interrompido por alguns anúncios, que representam uma grande fatia de receitas da plataforma. Os que querem estudar sem interrupções e utilizar a plataforma em modo offline (3% dos utilizadores, atualmente) podem fazê-lo subscrevendo a versão premium por 9,99 dólares por mês.
Além destas fontes de rendimento, a app disponibiliza também o certificado Proficiency de Inglês (o nível mais alto para este idioma) por 49 dólares, uma funcionalidade que a empresa pretende, no futuro, ter disponível para todas as línguas, de forma a tornar-se uma referência global ao nível dos certificados. O Duolingo tem ainda acordos com sites de media como a CNN ou o BuzzFeed para a tradução de alguns conteúdos.
Fun fact: O fundador do Duolingo, Luis Von Ahn, é um ex-aluno da Universidade Carnegie Mellon que também foi responsável pela criação do CAPTCHA (um teste anti spam muito comum na internet). O engenheiro informático cresceu na Guatemala, no seio de uma família igualmente empreendedora, mas com um negócio totalmente distinto: a Tropical Candy, a maior marca de doces do país. Depois de ir para os Estados Unidos estudar e acabar por trabalhar para a Google fundou o Duolingo, porque queria “criar uma maneira de aprender línguas de graça”.
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