Hugo Barreto estudou no estrangeiro durante uns anos. Sozinho, teve muito em que pensar e houve uma coisa em específico que lhe fazia alguma confusão. “Sempre senti a necessidade de poder partilhar, de algum modo, com outras pessoas, uma memória ou uma mensagem se alguma coisa não corresse bem [estando fora]. E se houvesse uma mensagem para alguém e eu não fosse capaz de entregar? Eu fazia isto num papel, guardava na minha casa, no meu quarto, e ficavam lá todos esses registos. Mas tinha de haver algo mais. Se não fosse capaz de dizer aquilo, pelo menos devia ficar tudo pré-agendado, pré-feito”, começa por contar.

Por isso, em 2017 começou a desenhar-se aquilo que hoje é a Memories Delivery, uma plataforma que quer garantir que as memórias e mensagens das pessoas não ficam perdidas no tempo nem esquecidas numa qualquer gaveta.

“Isto andou a ser pensado e maturado, para vermos como é que o processo poderia funcionar, durante 2017. Foi o ano inteiro nisto, mas só ficou disponível agora em 2018, há cerca de dois ou três meses”, diz Hugo.

Neste momento, existe uma plataforma que possibilita guardar e enviar memórias na data escolhida. “Temos dois produtos. Um deles é a possibilidade de guardar um vídeo. São até 4 GB de informação, podem colocar lá o que quiserem e fica guardado no tempo. E no dia em que estiver programado para ser enviado, lá seguirá. O outro é em papel: a pessoa recebe um A4 que pode ter o que quiserem. Pode ser escrito à mão, a computador, até pode ser um desenho ou uma fotografia”, exemplifica.

Para isto, apenas é necessário aceder ao site. São “três minutos e está pronto”. É inserir a memória e os dados de envio. Contudo, há uma especificidade importante. “Temos um dashboard onde a pessoa pode fazer atualizações. Só dá para modificar a memória durante os 30 primeiros dias, mas pode atualizar a morada a qualquer instante, por exemplo. Ou cancelá-la, se assim o entender. Além disso, quando a pessoa regista a memória e é para daí a uns anos, insere dois contactos de email de quem conhece também a pessoa visada. Imagine-se que daqui a 20 anos é que é enviada a memória: há uma segurança maior para garantir que chega lá, que é esse o objetivo principal”, justifica o responsável pelo projeto.

Para que tudo corra devidamente, há o cuidado em olhar para as tecnologias. Afinal, o que é hoje já não vai ser igual daqui a alguns anos. “Hoje era um estafeta que ia levar a encomenda à pessoa, mas daqui a alguns anos a proposta é que se adapte consoante o meio que exista na altura. Por exemplo, se há 30 anos eu guardasse esta informação numa disquete, agora não ia conseguir ver nada. Tem de haver esta adaptação e com a plataforma ninguém tem de se preocupar com isto, é só mesmo em construir a memória”.

A Memories Delivery garante um seguro para cada memória. Seja de pais para filhos, entre amigos ou até para a própria pessoa, vai sempre chegar uma encomenda no dia escolhido para tal. Em modo surpresa ou com um aviso antes — um alerta para se saber que “a pessoa X gravou uma memória e vai recebê-la na data Y” —, as memórias de hoje vão viajar no tempo até ao destino.

Para já, o serviço apenas está disponível em Portugal, mas o sonho é maior do que isso. “Queremos começar a exportar e estar presente em qualquer país. Na verdade, as memórias já estão preparadas para tal, podem ser entregues em qualquer parte do mundo”, conta Hugo. E o mais importante é mesmo o facto de “já não haver mais o receio de perder mensagens”, onde quer que se esteja e passe o tempo que passar.


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