Cientistas da NASA descobriram micro-organismos vivos presos dentro de cristais por um período que poderá ir até 60.000 anos numa mina no México. Os micróbios antigos aparentemente evoluíram para poder sobreviver com uma dieta à base de sulfito, manganês e óxido de cobre, revelou Penelope Boston, do Instituto de Astrobiologia da NASA, numa conferência da Associação Americana para o Avanço da Ciência. "Isto tem efeitos profundos sobre a forma como tentamos entender a história evolutiva da vida microbiana neste planeta", disse a cientista.
Estes micro-organismos foram descobertos na mina de Naica, no estado de Chihuahua, no norte do México. A mina é conhecida pelos seus enormes cristais, alguns com uma dimensão que chega aos 15 metros.
A descoberta ainda não foi publicada numa revista científica, passo geralmente importante para a revisão por parte de outros cientistas, mas leva os investigadores responsáveis a acreditarem que organismos vivos também podem ter sobrevivido em ambientes extremos de outros planetas e luas do nosso sistema solar.
Segundo Penelope Boston, cerca de 100 tipos diferentes de microrganismos - a maioria deles bactérias - foram encontrados presos em cristais de Naica por períodos que variam de 10.000 a 60.000 anos, e 90% deles nunca tinham sido observados antes. A descoberta destes microrganismos ultra-resistentes foi uma surpresa para os investigadores, mas também uma fonte de preocupação para os astrobiólogos que pensam em recolher amostras em missões espaciais no sistema solar.
Numa lógica de exploração de vida noutros planetas, as condições extremas sob as quais estes micróbios sobreviveram levantam a possibilidade de que naves espaciais de exploração pudessem trazer acidentalmente para a Terra organismos extraterrestres perigosos e, da mesma forma, os astrobiólogos também se preocupam com o risco de que organismos da Terra possam contaminar outros planetas no curso de missões de exploração, por exemplo em Marte, onde já existem vários robôs dos Estados Unidos.
A NASA esteriliza as espaçonaves e equipamentos antes de os lançar no espaço. Sempre há, porém, o risco de que micro-organismos ultra-resistentes sobrevivam. "Como podemos garantir que as missões de detecção de vida vão detectar a verdadeira vida de Marte, ou a vida de mundos gelados, em vez da nossa vida?", questionou Boston.
As preocupações não são novas. Durante as missões Apollo dos anos 60 e 70, os astronautas que regressaram da lua foram colocados de quarentena. Os micro-organismos encontrados na mina de Naica não são os mais antigos já descobertos. Alguns anos atrás, cientistas encontraram micróbios vivos presos em gelo e sal há 500.000 anos.
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