"A GPS é a rede dos investigadores portugueses no estrangeiro, cujo objetivo é mapear e seguir o percurso da diáspora científica portuguesa, permitindo saber, por exemplo, quantos são, onde estão e quanto tempo ficam em cada país", disse David Marçal à agência Lusa.

A iniciativa é da Fundação Francisco Manuel dos Santos, em parceria com Ciência Viva, Altice Labs (antiga Sapo Labs) e a Universidade de Aveiro, sendo os últimos dois os parceiros tecnológicos que fazem o desenvolvimento da plataforma.

O projeto foi apresentado no sábado, em Manchester, durante o Luso2016, a nona edição do Encontro anual de Estudantes e Investigadores e Portugueses no Reino Unido, organizado pela Associação dos Estudantes e Investigadores Portugueses (PARSUK na sigla inglesa), mas só estará 'online' em meados de setembro.

Esta ferramenta de trabalho e comunicação será, acrescentou David Marçal, um "ponto de encontro entre investigadores que residem em vários países e com a sociedade portuguesa. O GPS quer ser uma ponte para a sociedade portuguesa".

Embora possua uma componente de rede social, a plataforma será sobretudo uma base de dados pública, cuja busca poderá ser feita usando filtros como o país de localização, a instituição onde trabalham ou a que pertencem ou períodos temporais que permitam saber quantos e quais investigadores estavam num país a um certo momento.

David Marçal, que é doutorado em bioquímica mas trabalha como escritor e em comunicação ligada à ciência, lembrou que o GPS pode ainda ser útil para trabalhos de investigação sobre migração qualificada, ou para jornalistas que queiram encontrar especialistas numa determinada área científica.

A plataforma pretende transpor o formato digital e realizar também eventos e atividades físicas em Portugal, abertos à sociedade portuguesa e não exclusivos para investigadores.

A base de dados, que é um projeto sem fins lucrativos, vai funcionar através de auto-inscrição voluntária, e quer potenciar a diáspora científica portuguesa, em Portugal.

"Mesmo que não regressem, os investigadores que estão no estrangeiro não estão necessariamente perdidos para a sociedade portuguesa. Podem ajudar de várias formas, como a transferência de conhecimento de ciência e tecnologia. O GPS pode ser o ponto de partida para essa reflexão e apoiar a decisão política através dessa reflexão", referiu David Marçal.

O responsável referiu que o GPS pode contribuir para que o debate sobre fuga de cérebros seja mais informado, pois a mobilidade é normal na ciência e as carreiras dos investigadores são tendencialmente internacionais.

"Há países que são exportadores líquidos e países que são polos de atração. Nós temos a ideia de que não seremos um polo de atração como é o Reino Unido, e que seremos possivelmente um exportador líquido, não atraímos tantos investigadores como exportados. Mas podemos e devemos saber mais acerca disso e até de que forma podemos beneficiar de ter uma grande diáspora científica portuguesa", defendeu.