A plataforma foi criada em 2016 e serve basicamente como meio que permite às pessoas pagar pelo conteúdo (fotos e vídeos, transmissões ao vivo) de alguém através de uma subscrição (assinatura mensal). Não é tipo Netflix, em que se cobra uma mensalidade e se vê tudo, mas paga-se, sim, diretamente ao próprio criador — daí muitos criadores optarem por esta plataforma em detrimento de outras.

Mas a popularidade do site explodiu com a pandemia, gerando muitos milhões de libras (a empresa tem a sede em Londres) com os seus 130 milhões de utilizadores inscritos, dispostos a pagar para ver ou falar com "os criadores" de conteúdo.

Só que apesar de a empresa insistir que tem uma vasta gama de pessoas a criar material para o site, desde chefs a instrutores de yoga, passando pelos YouTubers e terminando nos influenciadores, o conteúdo mais popular do site é a pornografia. De longe, de acordo com o The Guardian. 

A proibição, que entrará em vigor em outubro, acontece devido à pressão dos bancos e das plataformas que permitem fazer os pagamentos, que expressaram preocupações sobre o material que o site hospeda. 

O jornal britânico explica que em vez de perder a sua capacidade de aceitar pagamentos, algo acabaria com o negócio por completo, o OnlyFans optou, em vez disso, por proibir o material adulto que popularizou a marca.

"A fim de assegurar a sustentabilidade a longo prazo da plataforma, e para continuar a acolher uma comunidade inclusiva de criadores e fãs, temos de atualizar as nossas diretrizes de conteúdo", afirmou um porta-voz do site.

Por motivos de segurança, o OnlyFans não aceita pagamentos através de PayPal ou de outras plataformas semelhantes, pelo que se a VISA ou Mastercard visarem diretamente a sua colaboração com a empresa, o site fica sem forma de operar a parte financeira.

As empresas de processamento de pagamentos controlam cada vez mais os sites que permitem hospedar pornografia. Em dezembro, a Visa e a Mastercard proibiram durante um breve período os pagamentos aos sites ligados à MindGeek (dona do PornHub e outros sites populares).

Até aqui, o OnlyFans permitiu que dezenas de milhares de trabalhadores da indústria — ou até sem fazer parte dela — ganhassem rendimentos substanciais em troca de 20% dos seus ganhos. Ou seja, funcionam como uma espécie de agente ou mediador que lhes dá visibilidade. Alguns criadores de conteúdo afirmam inclusivamente que lhes deu liberdade financeira que de outra maneira não conseguiriam ter. ("Onde é que ganhava a renda de um mês em dois dias?", questiona um deles.)

Os números internos obtidos pela Axios sugerem que 16.000 criadores ganham pelo menos $50.000 (aproximadamente 43 mil euros) anualmente a produzir conteúdo no site, mas há 300 que ganham mais de um milhão de dólares. Ainda assim, apesar destes ganhos e do número crescente de utilizadores, a empresa tem dificuldade em encontrar investidores porque a imagem que paira sobre a OnlyFans é o conteúdo pornográfico explícito e não o resto. Com a decisão agora tomada, a empresa espera que isso se altere.