A empresa aeroespacial SpaceX está prestes a fazer história com o lançamento da Polaris Dawn. A missão, liderada pelo bilionário Jared Isaacman, levará quatro tripulantes a uma altitude sem precedentes para uma missão comercial e realizará o primeiro passeio espacial privado. Depois de alguns adiamentos, descolagem está prevista para esta quarta-feira, às 8h38, hora de Lisboa.

Os tripulantes seguirão na cápsula Dragon, montada num foguetão Falcon 9, que partirá do Centro Espacial Kennedy da NASA, na Flórida. A janela de lançamento estende-se por quatro horas, o que oferece flexibilidade para aproveitar as condições meteorológicas ideais. A tripulação é composta por Jared Isaacman, o comandante que é também o financiador da missão; Scott “Kidd” Poteet, piloto e ex-tenente-coronel da Força Aérea dos EUA; e duas funcionárias da SpaceX: Sarah Gillis, engenheira e especialista nesta missão, e Anna Menon, engenheira e responsável médica.

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Cápsula Dragon, da SpaceX

Durante a missão, que poderá durar até cinco dias, a nave atingirá uma altitude máxima de 1.400 quilómetros, superando qualquer outra missão tripulada desde a era Apollo. Esta altitude permitirá à tripulação atravessar partes do cinturão de radiação Van Allen (uma região onde ocorrem vários fenómenos atmosféricos devido a concentrações de partículas no campo magnético terrestre), o que oferece uma boa oportunidade para estudar os efeitos da radiação na saúde humana.

“Temos muito a aprender [desse ambiente] em termos de ciência e investigação sobre a saúde humana. Se um dia chegarmos a Marte, gostaríamos de poder voltar e estar suficientemente saudáveis para contar às pessoas sobre a viagem, por isso penso que vale a pena estar exposto a esse ambiente”, afirma Jared Isaacman, citado pelo TechCrunch.

O ponto alto da missão ocorrerá no terceiro dia, quando Isaacman e Gillis realizarão o primeiro passeio espacial comercial da história. O momento está programado para durar entre 15 a 20 minutos por astronauta, com toda a operação, incluindo despressurização e repressurização da cápsula, a levar cerca de duas horas. Embora apenas dois tripulantes saiam da nave, todos usarão fatos espaciais durante este período, pois o interior da cápsula será despressurizado.

Para possibilitar esta atividade extraveicular (EVA, na sigla em inglês), a SpaceX desenvolveu novos fatos espaciais e modificou significativamente a cápsula Dragon. Os fatos incluem melhorias como botas construídas com material térmico, um ecrã de dados integrado no capacete e articulações aprimoradas. As inovações são cruciais para os planos da SpaceX de estabelecer bases permanentes na Lua e em Marte, que exigirão “milhões de fatos espaciais”, segundo a empresa.

Durante o passeio espacial, Isaacman e Gillis estarão ligados à nave através de uma espécie de cordão umbilical, para que esteja garantido o suporte de vida.

As modificações na cápsula Dragon incluem um aumento nos sistemas de suporte de vida, mais oxigénio para alimentar os quatro fatos e um novo sistema de repressurização com nitrogénio. A SpaceX também adicionou auxiliares de mobilidade, como pegas em torno da escotilha, para facilitar a saída e entrada dos astronautas.

A missão Polaris Dawn servirá também para testar as comunicações espaciais por laser entre a rede de satélites Starlink e a nave em órbita. O teste é considerado crucial para futuras missões de longa distância, onde a comunicação tradicional por rádio pode ser insuficiente. Além disso, a tripulação vai conduzir algumas experiências científicas, com o objetivo de preparar futuras missões de longa duração.

Esta missão faz parte do programa Polaris, que inclui duas missões adicionais, todas financiadas por Isaacman. A terceira missão está planeada para ser o primeiro voo tripulado da Starship, a nave espacial da SpaceX projetada para futuras missões à Lua e a Marte.

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