Ao todo, foram entrevistadas 6.215 pessoas entre os 17 e os 59 anos, uma amostra representativa dos 150 milhões de habitantes dos cinco países analisados pela equipa de investigadores da Ericsson, a conhecida fabricante sueca de telemóveis. Os resultados, divulgados no final de fevereiro, mostram que 63% dos inquiridos não tem uma conta bancária, sendo que a maioria das atividades financeiras são feitas em numerário. Mais precisamente, à volta de 70% recebe o seu vencimento através de notas e moedas, enquanto três quartos paga as suas contas da mesma forma.
A Nigéria é o país onde mais pessoas responderam ter uma conta bancária (53%), seguindo-se o Gana (49%), Angola (39%), Uganda (29%) e a República Democrática do Congo (18%). Motivos para não terem? A principal queixa, principalmente para quem vive no meio rural, é a de que os bancos estão muito longe de onde vivem, seguindo-se o facto de não terem poupanças suficientes para sequer ter uma conta bancária. Outras razões estão no elevado custo de ter uma conta e a falta de documentos de identificação.
Contudo, boa parte mostrou estar consciente de que existem várias desvantagens em usar notas e moedas, estando entre as maiores preocupações o medo de serem roubadas e a possibilidade de perderem o dinheiro.
Os angolanos entrevistados, curiosamente, revelaram ter mais medo de o perder enquanto levam consigo, a que se junta algum receio em serem roubados quando levantam dinheiro das caixas automáticas.
Um porta-moedas dentro do telemóvel?
Não obstante, o relatório Financial Services for Everyone (Serviços Financeiro Para Todos), da Ericsson, avança com uma solução. Uma vez que há muitos mais cidadãos da África subsariana com um telemóvel do que com uma conta bancária, então os serviços financeiros móveis podem ser usados como uma importante ferramenta para a sua inclusão financeira.
Os pagamentos móveis, como são conhecidos, consistem na utilização dos telemóveis para realizar transações financeiras de forma digital. Isto inclui o pagamento de produtos e serviços, assim como a transferência de dinheiros entre as pessoas.
Cerca de 20% dos entrevistados admitiu que recorre aos pagamentos móveis, sendo que metade deles não tem uma conta bancária. 50% da amostra inquirida confessou nunca ter ouvido falar da possibilidade de usar o seu próprio telemóvel para este tipo de operações.
É com base nestes e nos anteriores números que a empresa sueca antevê um forte potencial para este tipo de transações 100% digitais.
Uma das barreiras a esta possibilidade é a de que quatro em dez pessoas, pertencentes a estratos socioeconómicos mais pobres, não têm os pré-requisitos necessários, como um documento de identificação ou o acesso a um telemóvel, a que se junta a dificuldade em conseguir utilizar um.
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