De acordo com testes clínicos realizados em 116 pacientes na Holanda, os exercícios com tecnologia de realidade virtual tornaram as relações sociais dos indivíduos menos tensas, escreveram os cientistas na revista The Lancet Psychiatry.
Contudo, serão necessários mais ensaios clínicos para confirmar os benefícios a longo prazo deste tipo de tecnologia, onde é simulado uma realidade em que estão presentes outros avatares virtuais (representação gráfica de um utilizador em realidade virtual).
A terapia cognitivo-comportamental (CBT) em que os pacientes recebem ajuda para superar os problemas parecem esmagadores ao paciente; e, ainda que ajudem a reduzir a ansiedade, fazem pouco para controlar a paranoia.
Um grupo de cientistas liderado por Roos Pot-Kolder, especialista da VU University da Holanda, transportou esse método para um ambiente virtual.
Para o teste, os 116 participantes receberam um tratamento tradicional, com medicação antipsicótica e consultas com o psiquiatra, mas apenas metade fez as tais interações sociais em ambiente virtual.
O tratamento consistiu em 16 sessões com uma hora de duração, num período de entre oito a 12 semanas. Os pacientes foram expostos, através de avatares virtuais a situações sociais que provocariam medo e paranoia em quatro cenários: na rua, num autocarro público, num café e num supermercado.
Os terapeutas podiam alterar a quantidade de avatares, a sua aparência e se as respostas já registadas para com o paciente eram neutras ou hostis.
Os especialistas também aconselhavam os participantes, ajudando-os a explorar e a testar os seus próprios sentimentos em diferentes situações. Os participantes foram avaliados no início do teste, três e seis meses depois.
O estudo revelou que a exposição à realidade virtual não aumentou o tempo que os participantes passaram com outras pessoas, mas sim a qualidade das interações.
"A adição da realidade virtual aos tratamentos tradicionais reduziu os sentimentos paranóicos e o aparecimento de ataques de ansiedade em situações sociais, se relativamente comparados com a terapia padrão sozinha", declarou a autora principal do estudo, Roos Pot-Kolder.
"Com o desenvolvimento da realidade virtual e da tecnologia móvel, a gama de ferramentas disponíveis para a psicoterapia fica expandida", concluiu Kristiina Kompus, da Universidade de Bergen.
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