No passado dia 19 de setembro, o presidente norte-americano Donald Trump defendeu perante a Assembleia Geral da ONU que a única solução para a península coreana será “destruir totalmente” a Coreia do Norte caso o regime de Pyongyang continue a ameaçar os Estados Unidos e aliados.

Dias depois, a 23 de setembro, publicou o seguinte na sua conta de Twitter: "Acabo de ouvir falar o ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte nas Nações Unidas. Se ele faz eco dos pensamentos do 'Little Rocket Man' [Pequeno Homem Foguete], eles não estarão por perto muito mais tempo!"

Estas declarações polémicas foram entendidas pela Coreia do Norte como uma declaração de guerra. A leitura foi transmitida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, Ri Yong-ho, a repórteres em Nova Iorque, por ocasião da Assembleia Geral da ONU. "Trump afirmou que a nossa liderança não permaneceria por muito tempo", disse, acrescentando que face a esta declaração, a Coreia do Norte reserva-se o direito de derrubar bombardeiros norte-americanos.

Este é o mais recente capítulo na escalada de tensão entre a Coreia do Norte e, desta vez, o Twitter veio justificar porque não apagou a publicação de Trump, uma vez que os seus regulamentos proíbem 'tweets' que sejam "ameaças ou promovam a violência, incluindo [publicações] que ameacem ou promovam terrorismo".

"Temos as mesmas regras para todas as contas, e consideramos vários factores para avaliar se violam as regras. Entre as considerações está se é 'noticiável' [digno de notícia] e se um tweet é do interesse público. Isto tem sido política interna e em breve atualizaremos nossas regras públicas para refletir isso. Temos de melhorar isto, e vamos. O Twitter está comprometido com a transparência e em manter as pessoas informadas sobre o que se passa no mundo. Vamos continuar a guiar-nos por este princípio fundamental."

A Casa Branca já veio entretanto esclarecer que não houve qualquer declaração de guerra, considerando mesmo a interpretação "absurda", acrescentando que “nunca é apropriado que um país dispare contra as aeronaves de outro país quando estas se encontram sobre águas internacionais”.

A porta-voz de Trump, Sarah Sanders,  reiterou que o objetivo da Casa Branca continua a ser “a desnuclearização da Coreia do Norte”, e não uma guerra com o regime de Kim Jong-Un. Apesar disso, o Pentágono assegurou hoje que está preparado para oferecer “opções militares” a Trump se a Coreia do Norte continuar com as suas “ações provocatórias”.

A Coreia do Norte tem sido alvo de sanções tanto dos Estados Unidos como da ONU por persistir no programa balístico e nuclear que vem desenvolvendo há mais de dez anos, em violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

No sábado, 23 de setembro, bombardeiros norte-americanos voaram perto da costa norte-coreana para enviar “uma mensagem clara” a Pyongyang, cujas provocações causaram a ira do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, informou o Pentágono. "Esta missão é uma demonstração de resolução dos EUA e uma mensagem clara de que o presidente tem muitas opções militares para derrotar qualquer ameaça", disse a porta-voz do Pentágono, Dana White. "Estamos preparados para usar todo o tipo de capacidade militar para defender a pátria dos EUA e nossos aliados", acrescentou.

Na ONU, a Coreia do Norte classifica Trump de megalómano e "rei mentiroso".

A continuação dos testes nucleares da Coreia do Norte na região e a dura retórica usada pelos Estados Unidos depois da chegada de Donald Trump à Casa Branca provocaram um escalar da tensão entre os dois países.