“É preciso fazer soar os alarmes”, alertou Vera Jourova durante uma conferência de imprensa na Web Summit, o evento tecnológico que decorre em Lisboa desde segunda-feira.

A grande maioria dos europeus (81%) defende que, durante as campanhas eleitorais, deve estar bem explícito quando a informação disseminada pela Internet se trata de publicidade, segundo um inquérito da Comissão Europeia sobre democracia, que será em breve divulgado na íntegra.

Os europeus consideram que deve ser público quem paga pela divulgação da informação, revela o inquérito realizado em setembro a 27.474 pessoas dos 28 Estados membros da União Europeia.

Acima da média europeia, 84% dos portugueses defendem que deve ser público quando se trata de publicidade assim como se deve saber quem está a suportar financeiramente a informação divulgada nas redes sociais e outras plataformas digitais.

Portugal surge em oitavo lugar, depois do Reino Unido, Suécia, Croácia, Alemanha, Irlanda, Países Baixos e Dinamarca.

Também oito em cada dez europeus (80%) são a favor da divulgação das verbas que as redes sociais e as plataformas na Internet recebem dos partidos políticos assim como de outros grupos de interesse. No caso dos portugueses, a percentagem sobe para 83%.

Os europeus (76%) querem ainda que durante campanhas eleitorais as plataformas que divulgam informação sigam as regras aplicadas aos media tradicionais (imprensa escrita, radiofónica e televisiva) e que também devem ser obrigados ao período de silêncio definido por lei.

“Estes números revelam que os europeus estão preocupados com a necessidade de ser preciso fazer algo para limitar a potencial influência junto dos eleitores”, sublinhou a comissária europeia.

Vera Jourova voltou hoje a alertar para as ameaças que recaem sobre as eleições livres em todo o mundo, lembrando que faltam apenas 200 dias para as eleições europeias, que acontecem entre 23 a 26 de maio de 2019 e definirão o destino de Bruxelas para os próximos cinco anos.

Lembrando a “brutal intervenção” da empresa Cambridge Analytica (CA), acusada de usar dados privados de 50 milhões de utilizadores da rede social Facebook para o sucesso do Brexit, Vera Jourova recordou a necessidade de serem tomadas medidas que garantam “transparência e justiça” nas eleições europeias de maio de 2019.

Apesar do perigo de “desinformação e manipulação por parte de interesses privados e estrangeiros”, a comissária defendeu que “ainda há tempo para preparar umas eleições europeias justas e livres”.

Vera Jourova lembrou que os países da UE já foram alertados para estes perigos e que agora é preciso juntar todos aqueles que possam trabalhar para “garantir eleições livres na Europa”.

A proteção de dados continuará a ser um dos principais pontos das próximas eleições, acrescentou a comissária lembrando que dois em cada três europeus (67%) estão preocupados com o facto de os dados pessoais que estão na Internet poderem ser usados para direcionar mensagens políticas.

Um em cada quatro europeus considera-se “muito preocupado” com este fenómeno que coloca em causa a livre e justa competição entre partidos políticos.

Este é, no entanto, um problema que coloca os portugueses entre os menos preocupados: Apenas 56% dos portugueses se preocupam com esta ameaça contra 67% dos europeus.

Estas conclusões vão no mesmo sentido das estatísticas da comissão europeia sobre proteção de dados “European Data Protection Board” (EDPB) que revelaram que quase todas as autoridades nacionais de proteção de dados reportaram ter passado a ter uma elevada carga de trabalho desde que saíram as novas regras de proteção de dados, em maio.

Desde maio, os cidadãos europeus submeteram mais de 45.500 queixas relacionadas com a proteção de dados, segundo dados da UE.

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