Um investigador da Universidade da Califórnia informou esta quinta-feira, 27 de abril, que foram fabricados pequenos tijolos a partir de solo marciano artificial, utilizando uma técnica simples que pode vir a ser muito útil na construção de abrigos para as futuras colónias humanas em missões no Planeta Vermelho.
"As pessoas que irão para Marte serão incrivelmente corajosas, vão ser pioneiras, e sinto-me honrado por ser o seu fabricante de tijolos", disse Yu Qiao, autor principal de um estudo publicado na revista Scientific Reports, citado pela AFP.
A técnica de Qiao exige apenas que os blocos sejam comprimidos de forma precisa, sem que exista a necessidade de ser utilizado um forno ou elementos adicionais.
Os engenheiros de estruturas utilizaram uma mistura de poeira preparada pela NASA que imita o solo marciano para fazer centenas de tijolos com a forma de um pequeno disco de 3 milímetros de espessura.
Estes descobriram, acidentalmente, que a compressão de alta pressão endureceu o solo artificial na forma de estruturas sólidas enquanto rocha, algo mais forte do que, por exemplo, betão reforçado com fibras de aço.
Yu Qiao acredita que o solo marciano poder ser compactado camada por camada, fazendo desta forma uma parede ou molde.
Na verdade, existem outras formas para levar a cabo uma construção em Marte, nomeadamente, recorrendo a fornos a trabalhar energia nuclear; ou transportando grandes quantidades de polímero da Terra.
Porém, aquilo que o professor Qiao propõe é construir infraestruturas com o mínimo de recursos. "Todos os métodos anteriores envolvem aquecimento intensivo com energia ou transporte espacial bastante significativo de aditivos a partir da Terra", explicou o investigador à AFP. Qiao admite, no entanto, que ainda não se sabe se o solo marciano reagiria da mesma forma do que aquele simulado na Terra. Certezas, só com um teste em solo marciano.
Acredita-se que o óxido de ferro - o componente que dá a Marte seu tom avermelhado - é o "agente de cimentação" que torna o solo tão maleável.
Inicialmente, o investigador começou por utilizar o solo lunar para fazer cimento. No entanto, quando aplicou a mesma técnica em "solo marciano" descobriu as suas propriedades excecionais.
O "rover" Curiosity da NASA, em 2012, colecionou amostras de poeira e areia marciana pela primeira vez, sendo que análise da composição revelou que o solo marciano contém uma química complexa de água, enxofre e substâncias de cloro, mas nenhum vestígio de compostos de carbono orgânico que pudesse sugerir sinais de vida.
Em março, o Congresso dos Estados Unidos aprovou uma lei - assinada pelo presidente Donald Trump - que determina que a NASA vai enviar uma missão tripulada a Marte em 2033.
Comentários