O espaço evocativo deste capitão de Abril, situado no castelo daquela sede de concelho alentejana, património do Estado, resulta de um projeto do município de Castelo de Vide e da Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlentejo).

“Está neste momento a atingir os 50 mil visitantes e, portanto, é um numero simpático, considerando ser um espaço museológico que se encontra no interior do país e num sítio de certa forma com alguma dificuldade pelo acesso que impõe, na medida que se encontra dentro do castelo”, disse à agência Lusa o presidente da autarquia.

António Pita indicou ainda que, destes visitantes, a maioria são de nacionalidade portuguesa, seguindo-se os turistas espanhóis, “por uma questão geográfica”, mas também visitantes oriundos do Brasil, Estado Unidos da América e Países Baixos.

“Os portugueses vão à Casa da Cidadania Salgueiro Maia precisamente por razões evocativas, por questões de memória, sobretudo antigos combatentes, outras pessoas vão por admiração pela personalidade, pelo grande exemplo de Salgueiro Maia, o grande exemplo que deixa para o país”, referiu.

Já os turistas oriundos de outros países, segundo António Pita, visitam o espaço museológico “com mais curiosidade em saber quem é que foi um dos protagonistas do 25 de Abril”.

O equipamento tem também recebido “cada vez mais” alunos de escolas de todo o país e as reservas para visitas futuras por parte dos estabelecimentos de ensino são “bastante entusiasmantes”.

Em 1 de julho de 2021, foi inaugurada naquela vila alentejana pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a Casa da Cidadania Salgueiro Maia, um investimento de três milhões de euros.

O espaço acolhe várias peças de Salgueiro Maia, entre as quais o conhecido megafone com que, em 25 de abril de 1974, no Largo do Carmo, o então capitão intimou Marcello Caetano a render-se.

O espaço museológico exibe também o uniforme e o “quico” militar que envergava nesse dia, entre outros uniformes, divisas, flâmulas, estandartes e pendões, insígnias, diplomas e louvores, documentos militares e fichas escolares pertencentes a Salgueiro Maia.

Uma área com cartazes e fotografias e uma coleção de miniaturas de carros de combate, a especialidade do militar como oficial de cavalaria e a sua grande paixão profissional são outras das valências.

Fernando Salgueiro Maia (1944-1992) foi o comandante da coluna militar da Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém, que na revolução ocupou a Praça do Comércio e cercou o Quartel do Carmo, em Lisboa, levando à rendição do então presidente do Conselho, Marcello Caetano, e à definitiva queda da ditadura do Estado Novo.

Natural de Castelo de Vide, o capitão de Abril expressou duas vontades em testamento, que foram cumpridas: ser sepultado naquela vila, em campa rasa, e deixar o seu espólio ao município para que fosse objeto de musealização.